Abordagens e Teorias organizacionais Contemporâneas
Autores
Nome
1 - Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG - CEPEAD
2 - Vinícius Silva Lima UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD
3 - Muriel de Almeida Ornela UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD
4 - RAQUEL DE ALMEIDA MENEZES UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Ciências Econômicas - FACE
Reumo
O estudo organizacional – à luz das diversas perspectivas epistemológicas – não alcançou uma teoria única sobre poder, mas nuances, que buscavam situá-lo tanto como conceituação abstrata, usualmente associada à ideia de força, quanto como fenômeno concreto reconhecido por meio dos seus efeitos, sobretudo, com as noções de resistência e de dominação. As organizações seriam, na atualidade, alguns dos loci mais específicos e contraditórios da manifestação do poder na sociedade, por acumularem em si tanto a visão do poder sob as vestes da legitimidade consentida, quanto o poder como imposição.
Seria o estabelecimento das relações de poder algo natural, inerente às relações humanas, ou um subterfúgio para legitimar uma estrutura hegemônica, coativa, de dominação? Emerge, nesse contexto, o objetivo do presente ensaio de realizar uma abordagem reflexiva e crítica sobre as diversas perspectivas e ideologias acerca do poder nas organizações.
Uma das questões mais controversas e debatidas na teoria das organizações é a temática do poder (CLEGG, 2001; FLYNN et al., 2011). Reed (2007) discute as principais preocupações teóricas desse campo, situando o poder como um dos modelos de meta-narrativa interpretativa fundamentais da análise organizacional, associando-o, principalmente, à problemática da dominação. Acompanhando a discussão posta por Reed, Hardy e Clegg (2007) também consideraram essa relação original entre poder-dominação como uma perspectiva central de análise organizacional.
Seguindo essa linha, Cohn (2003) e Tragtemberg (1966, 2006) também demonstrariam esse traço weberiano de resignação diante da racionalidade moderna incompassível, identificada por eles como um processo de subjugação dos atores sociais, sucumbidos diante de uma organização de trabalho onde a frieza da técnica impessoal impõe-se sobre os anseios individuais, na famosa imagem da racionalidade como uma jaula ou gaiola de ferro (DIMAGGIO & POWELL, 2005). Essa seria a ênfase dada à racionalidade instrumental, formal, calculista e tecnocrática.
O estabelecimento das relações de poder é algo natural, inerente às relações humanas. Contudo, o poder também é utilizado pelos agentes – no campo organizacional – para legitimar uma estrutura hegemônica, coativa, de dominação.
Perspectivas alternativas quanto às relações de poder nas organizações, representadas por Foucault, Bourdieu e Hanna Arendt, contribuem na concepção de poder como constituição do saber, não possuindo uma fonte de legitimação diferente do próprio conhecimento, no aprofundamento nas definições de poder simbólico, e nas possibilidades de resistência e consentimento.
BERNSTEIN, Richard J. Hannah Arendt’s Reflections on Violence and Power. European Journal of Philosophy and Public Debate, IRIS, S.1, 2011, p. 3-30.
DIMAGGIO & POWELL. A gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva. RAE, v. 45, n.2, p.74-89, 2005.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder (23ª ed.). Rio de Janeiro: Graal, 2007.
VIEIRA, Adriane. Cultura, poder e identidade nas organizações. Revista de Administração FEAD, v. 1, n. 1, 2010.
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed. Brasília: UNB, 2004.