Resumo

Título do Artigo

TRANSIÇÃO INVOLUNTÁRIA DE CARREIRA E (RE) CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE TRABALHO
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Palavras Chave

Carreira
Transição
Identidade de trabalho

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras e Competências

Autores

Nome
1 - Laima Gabriela Schedlin Czarlinski
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEA - USP
2 - Franciele Aline Parrilla
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - FEA

Reumo

Com as mudanças nas estruturas organizacionais, a carreira passou por alterações de conceito, estrutura e desenvolvimento. Para os indivíduos gerenciarem sua carreira, precisam adquirir competências específicas e, diante as incertezas e transições constantes, é fundamental que ele saiba lidar com esses processos. Quanto maior a mudança, mais stress durante a transição que, se for feita de maneira inadequada, pode levar a sérias consequências na identidade. A proposta do trabalho é estudar a transição e a reconstrução da identidade em indivíduos que passaram por uma situação extrema de carreira
O trabalho pretende entender como o indivíduo, após passar por uma situação que não está sob seu controle, lida com a situação externa, se reestrutura e muda sua trajetória profissional. Quais são os principais desafios e dificuldades que ele enfrenta, as fases que ele passa, os sentimentos e fatores que são levados em consideração e como ele (re)constrói sua identidade profissional e lida com o processo de transição.
Nos estudos recentes de carreira surgem dois conceitos, de Carreira Proteana (Hall, 2002) e o de Carreiras Inteligentes (Arthur, 1995), nas quais o planejamento da carreira e a responsabilização pelo crescimento é atribuído ao indivíduo. A transição de carreira é desencadeada por uma mudança (Bridges, 2001) ou evento (Schlossberg, 2011) que faz com que o indivíduo passe por algumas fases especificas (Bridges, 2001) e alguns fatores dão suporte para que ele lide com a transição (Schlossberg, 2011). Assim, ele reconstrói sua identidade de trabalho, que é um continuo tornar-se (Malvezzi, 2000).
A pesquisa adotou abordagem qualitativa e exploratória. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas com nove indivíduos que passaram por eventos não antecipados que levaram a uma transição de carreira, que os impediram de voltar à condição anterior. Ou seja, foram impossibilitados de continuar na profissão que exercia, por exemplo por um problema de saúde. As entrevistas coletadas foram transcritas e analisadas por meio de análise de conteúdo. A definição das categorias analíticas foi apriorística e orientada às definições conceituais que embasam o estudo.
Foram analisadas as categorias: sentimentos (frustração, tristeza, insegurança, vazio e vergonha), dificuldades (resistência, depressão/síndrome do pânico e impacto financeiro), fatores que influenciaram (suporte familiar, de amigos ou profissional, otimismo, exercícios e a religião), primeiras ações (busca por algum trabalho, novos conhecimentos e a ampliação da rede de relacionamentos), características (a profissão escolhida tem relação com a anterior, a utilização de conhecimentos adquiridos anteriormente e a busca por uma causa) e, por fim, as consequências (satisfação e felicidade)
Concluiu-se que o processo de transição involuntário gera desgaste emocional nos indivíduos e os fatores que os fazem atravessar por essa transição podem ser internos ou externos e são muito individuais. É um processo dinâmico, no qual a intensidade não depende de um tempo cronológico e sim da forma com que o indivíduo irá lidar com o processo. Durante a transição, o indivíduo reconstrói sua identidade de trabalho e, a forma de passar pela transição o define como profissional. Muitos não estão plenamente satisfeitos, mas dizem estar felizes com as escolhas.
Arthur, M. B.; Claman P.; Defillippi, R. (1995). Intelligent enterprise, Intelligent Careers. Academy of Management Executive, v. 9, n. 4 Bridges, W. (2001). The Way of Transition. Da Capo Press Hall, D. T. (2002). Careers In and Out of Organizations. London: Sage Publications Ribeiro, M. A. (2014). Carreiras: Novo olhar socioconstrucionista para um mundo flexibilizado. Curitiba: Juruá. Schlossberg, N. K. (2011). The challenge of change: the transition model and its applications. Journal of Employment Counseling, v. 48, 159–162