Resumo

Por muito tempo a aposentadoria foi reconhecida como a saída de um indivíduo do trabalho remunerado e esteve intimamente relacionada à velhice. Embora esta concepção ainda seja popularmente aceita, a falta de consenso acerca do termo “velhice”, o envelhecimento da população e as mudanças nas condições sociais e nas expectativas individuais que se firmaram ao longo do tempo têm contribuído para a ampliação do conceito. Desse modo, a aposentadoria que antes tinha como ênfase apenas o seu aspecto cronológico, passa a se adaptar a complexidade da dinâmica social, abarcando outros elementos.

A ambivalência acerca da aposentadoria resume-se em 2 grandes entendimentos: um, em que é percebida como experiência capaz de resgatar o aumento do tempo livre, proporcionar novas descobertas e experiências de natureza positiva; e outro, que se refere a uma etapa da vida contestada, marcada por desafios, dificuldades financeiras, que leva o aposentado a continuar trabalhando. Este ensaio busca fazer uma reflexão sobre a aposentadoria, advogando a necessidade de se compreender o tema a partir de uma perspectiva multidimensional, e, defendendo mais ativo da Gestão de Pessoas neste processo.

Há três grandes modelos para se estudar a aposentadoria, a saber: Modelo Temporal da Aposentadoria, Modelo multidimensional da aposentadoria, e modelo dinâmico baseado em recursos. Os modelos aqui mencionados apresentam distintas maneiras de estudar o processo de aposentadoria. Entende-se que sua complexidade não consegue ser plenamente verificada pela análise de uma dimensão isolada ou tratando seu processo como uma sequência de etapas que ocorrem de maneira uniforme. Desse modo, propõe-se uma visão alternativa cuja estrutura teórica seja integrada e considere a perspectiva do curso da vida.

não se aplica

O modelo proposto é composto por uma seta na parte superior da figura que representa a trajetória do tempo em dois sentidos, uma vez que é possível caminhar da pré-aposentadoria para a pós-aposentadoria e vice-versa, através da volta ao mercado de trabalho, por exemplo. No segundo plano do quadro ressaltam-se os níveis de análise que estão associados às unidades de análise propostas. O nível micro refere-se aos aspectos individuais ou biográficos, o nível meso corresponde aos aspectos familiares e organizacionais/carreira e o nível macro às condições sociais, políticas, econômicas e culturais.

Acredita-se que as organizações e a gestão de pessoas podem e devem ter um papel mais ativo nesse processo (RAU e ADAMS, 2013). Programas de preparação para a aposentadoria tem sido um dos modos por meio dos quais as organizações têm participado na decisão e no processo de se aposentar (FRANÇA. CARNEIRO, 2009; IACUB, et al 2015). Entende-se que a aposentadoria implica a reorganização e construção de projetos para alcançar bem-estar e um objetivo claro na nova fase da vida. Assim, acredita-se que tais programas possam incentivar a reflexão e ajudar na construção de estratégias para os idosos.

HARDY, M. Rethinking retirement. In: SETTERSTEIN JR., R.; ANGEL, J. (Eds.). Handbook of Sociology of Aging. New York: Springer, 2011. RAU; B. L.; ADAMS, G. A. Aging, Retirement, and Human Resources Management: A Strategic Approach. In: WANG, M. (Ed.) The Oxford Handbook of Retirement. New York: Oxford Library of Psychology, 2013. SZINOVACS, M. E. A multilevel perspective for retirement research. In: WANG, Mo (Ed.). The Oxford Handbook of Retirement. New York (USA): Oxford Library of Psychology, 2013. WANG, M. (Ed.) The Oxford Handbook of Retirement. New York: Oxford Library of Psychology, 2013