Estratégias de Enfrentamento
Relações de Poder
Jovens Trabalhadores
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Comportamento Organizacional
Autores
Nome
1 - ALICE DE FREITAS OLETO ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - São Paulo
2 - Kely César Martins de Paiva UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD
3 - Jane Kelly Dantas Barbosa UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Ciências Econômicas
4 - Letícia Rocha Guimarães UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Belo Horizonte
Reumo
Embora a obediência seja o principal resultado do exercício do poder nas organizações, os trabalhadores podem desenvolver estratégias de enfrentamento quando são expostos ao abuso de poder, como retaliações e comportamentos evitativos (AQUINO; TRIPP; BIES, 2006). Essa mobilização de fatores de proteção ameniza os impactos dessas situações adversas que recaem sobre os trabalhadores, seja através do reconhecimento do contexto de abuso de poder ou até mesmo da reconfiguração do sentido da situação para se defender (BARLACH; MALVEZZI, 2010).
A pergunta central deste estudo é: Quais são as estratégias de enfrentamento de jovens profissionais perante as relações de poder estabelecidas nas organizações, sob a perspectiva de profissionais da Associação X? E o objetivo que norteou a pesquisa foi analisar as estratégias de enfrentamento de jovens profissionais perante as relações de poder estabelecidas nas organizações, sob a perspectiva de profissionais da Associação X.
O poder pode ser entendido como a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social (WEBER, 1994). O abuso do poder nas organizações leva a situações de desconforto ou constrangimento para os trabalhadores, jovens ou não, e estes se veem carecidos de adotarem estratégias de enfrentamento (coping) para lidar com situações difíceis ou estressoras. Conforme a teoria, algumas delas são: confronto, afastamento, autocontrole, suporte social, aceitação da responsabilidade, fuga e esquiva, resolução de problemas, reavaliação positiva (LAZZARUS; FOLKMAN, 1980).
Foi realizado um estudo de caso, de natureza descritiva e abordagem qualitativa. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado envolvendo 21 profissionais da Associação X, e os dados coletados foram tratados por meio da técnica de Análise de Conteúdo.
Pode-se afirmar que as estratégias de enfrentamento dos jovens trabalhadores envolvidos em relações abusivas de poder ora são focadas no problema, ora concentradas na emoção. As estratégias voltadas para o problema em si dizem respeito às tentativas do sujeito de resolver a situação por meio de enfrentamento direto, seja pelo confronto, conversas, suporte social da Associação X ou pela aceitação de suas responsabilidades. Já as estratégias centradas na emoção dizem respeito às alterações na forma de ver a situação problema, como as faltas no trabalho, o isolamento, o desprendimento e as fugas.
Concluiu-se que os jovens trabalhadores utilizam de estratégias cognitivas e comportamentais frente à realidade de abusos de poder praticadas tanto por seus gestores quanto por estagiários do convívio laboral a partir das percepções dos profissionais da Associação X que os assistem no dia a dia. Ainda que o contato da pesquisa não seja direto com os jovens, limitação eminente, os profissionais entrevistados têm a possibilidade de intervenção a partir da percepção das dificuldades enfrentadas e enquanto formadores de futuros adultos trabalhadores.
AQUINO, K.; TRIPP, T. M.; BIES, R. J. Getting even or moving on? Power, procedural, justice and types of offense as predictors of revenge, forgiveness, reconciliation and avoidance in organizations. Journal of Applied Psychology, v. 91, n. 3, p. 653-668, 2006.
BARLACH, L.; MALVEZZI, S. Human resilience: what is it? A conceptual review. Saarbrucken, Deutchland: VDM Verlag, 2010.
LAZZARUS. R. S.; FOLKMAN, S. An analysis of coping in a middle-aged community sample. New York: Springer, 1980.
WEBER, M. Economia e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.