Resumo

Estudos sobre cultura para a inovação abordam sobre a estratégia organizacional, papel das lideranças, ambiente para a criatividade e inovação, desempenho da inovação, entre outros enfoques. Bruno-Faria e Fonseca (2014) constataram que a elasticidade dada ao conceito de “inovação” também se estende para “cultura de inovação”. O presente artigo utiliza-se desse estudo como embasamento para a pesquisa sobre “cultura para a inovação tecnológica”, além dos modelos de Claver et al (1998) e Krapez et al (2012), apresentados em dois níveis do contexto: ambiente interno e ambiente externo próximo.

O termo “inovação” vem sendo definido de várias maneiras para descrever muitas coisas, e é tão amplamente utilizado que sua referência se tornou algo genérico, variando contexto e escopo da análise. Percebe-se distinções nas variáveis de “sucesso da inovação” (resultados) das de “propensão da inovação” (formação de cultura). Dessa forma, o artigo realiza levantamento bibliográfico sobre cultura organizacional para a inovação tecnológica visando identificar dimensões específicas para esse tipo de inovação, como parte integrante de estudo mais amplo.

Inicia com breve revisão sobre os conceitos de cultura organizacional (CO) de Edgar Schein (1985, in FREITAS, 1991), Pettigrew (1987) e sobre estudos que abordam a cultura nacional e a atividade de inovação, apoiados em Hofstede (HECKER, 2016; ÇAKAR; ERTÜK, 2010), aproximando-os das dimensões do ambiente propostas por Krapez et al (2012). Na sequência, cita o trabalho de Bruno-Faria e Fonseca (2014) sobre conceitos e modelos teóricos da cultura de inovação, e enfatiza a ótica sobre cultura de Tidd et al (2008) voltada a gestão da inovação, como “o jeito de gerenciar a inovação por aqui".

O levantamento bibliográfico sobre trabalhos que abordam dimensões da cultura organizacional influenciadoras da inovação tecnológica, realizado em 2017, pesquisou nas principais bases de dados com trabalhos completos disponíveis para acesso no Portal de Periódicos da CAPES (Wiley, SAGE Journals, Social Science Citation Index/ Web of Science, Scopus) e no DOAJ – Directory Open Articles Journal, no SPELL - Scientific Periodicals Electronic Library, com variados termos de busca. Inicialmente foram selecionados 62 artigos e, após análise mais detida, foram selecionados 13 artigos para o estudo.

A partir das dimensões do ambiente interno de Claver et al (1998) (valores em P&D, recursos humanos, processo de tomada de decisão, orientação para o mercado e estrutura organizacional), acrescentam-se contribuições de autores para a proposição das dimensões da cultura organizacional para a inovação tecnológica. Adicionou-se Krapez et al (2012), (ambiente interno e ambiente externo próximo), acrescido das contribuições de Hecker (2016) e Çakar e Ertürk (2010) referente às adaptações realizadas às dimensões “coletivismo” de Hofstede, abrangendo as variáveis da dinâmica das cooperações.

Identificou-se que uma gestão eficaz da inovação tecnológica é resultante da concepção e incremento de práticas organizacionais (mais ou menos tendentes para resultados ou para formação da cultura), sujeitas as influências internas e externas. No entanto, percebeu-se distinções nas variáveis que impactam o “sucesso da inovação” daquelas que impactam a “propensão da inovação”. A incorporação do nível do “ambiente externo próximo à organização” às dimensões da cultura organizacional para a inovação tecnológica, na dimensão “coletivismo”, traz a noção da dilatação das fronteiras organizacionais.

CLAVER, E.; LLOPIS, J.; GARCIA, D.; MOLINA, H. (1998). Organizational culture for innovation and new technological behavior. The Journal of High Technology Management Research, v. 9, issue 1, spring, p. 55-68. HECKER, A. (2016). Cultural contingencies of open innovation strategies. International Journal of Innovation Management. vol. 20, n. 7 (October) 1650067 (27 pages). KRAPEZ, J.; ŠKERLAVAJ, M.; GROZNIK, (2012). A. Contextual variables of open innovation paradigm in the business enviroment of Slovenian companies. Economic and Business Review. vol. 14, n.1, p. 17–38.