Resumo

A pesquisa apresentada por meio deste artigo é orientada por contribuições da sociologia Bourdieusiana e defende que as relações estabelecidas entre internacionalização de empresas e sustentabilidade possuem características sociais, de poder, de luta, de força e de conteúdo que compõem um campo, cuja configuração ainda não foi investigada e descrita na literatura nacional e internacional.

Este artigo foi desenvolvido com o intuito de responder o seguinte problema de pesquisa: quais discursos dominam o campo que discute as relações entre internacionalização de empresas e sustentabilidade? Para tanto estabeleceu-se o objetivo de mapear qualitativamente o campo que discute as relações entre internacionalização de empresas e sustentabilidade a partir da identificação de seus discursos dominantes em publicações científicas internacionais da área da administração.

Com o intuito de viabilizar o objetivo proposto adotou-se a concepção de campo para Bourdieu (2012) e as proposições desenvolvidas por Borim-de-Souza et al. (2015) para relacionar teoricamente internacionalização de empresas e sustentabilidade. Neste estudo a internacionalização de empresas foi abordada a partir da teoria da gestão comparativa, em suas respectivas escolas, segmentações e abordagens, e a sustentabilidade foi abordada a partir de paradigmas sobre o desenvolvimento sustentável, de versões conceituais do desenvolvimento sustentável e de significados da sustentabilidade.

Foi realizada uma pesquisa cuja problematização foi respondida por uma abordagem qualitativa, cujos objetivos foram analisados por uma perspectiva exploratória e que em relação aos procedimentos técnicos foi classificada como bibliográfica e como um estudo bibliométrico. As proposições de relações teóricas entre internacionalização de empresas e sustentabilidade propostas por Borim-de-Souza et al. (2015) foram consideradas para identificar o discurso mais praticado e replicado dentro do campo estudado.

Pôde-se perceber que a maior quantidade de artigos, e consequentemente a maior representatividade percentual em relação ao total de artigos analisados, está nos parâmetros pertencentes ao caminho da proposição Pós-Colonialista Amena proposta por Borim-de-Souza et al. (2015). Afirmando que a maioria dos autores preferem assumir um posicionamento não tão crítico nas relações entre internacionalização de empresas e sustentabilidade apresentadas nos discursos de suas publicações.

A análise do campo permitiu identificar um jogo semântico, político e ideológico comprometido com o silenciamento de interesses socioambientais mais complexos sobre a sustentabilidade, para a qual são impostas definições e discussões menos polêmicas em relações com a internacionalização de empresas. A fuga do debate crítico e o apreço pela especulação criam um espaço discursivo aderente a um poder dominante que determina como a sustentabilidade deve ser administrada, instrumentalizada e comercializada.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 16. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. BOYACIGILLER, N.; ADLER, N. J. The parochial dinosaur: organizational science in a global context. Academy of Management Review, v. 16, n. 2, p. 262-290, 1991. GLADWIN, T.N.; KENNELLY, J.J.; KRAUSE, T.S. Shifting paradigms for sustainable development: implications for management theory and research. Academy of Management Review, v. 20,n. 4, p. 874-907, 1995. SCHOLLHAMMER, H. The comparative management jungle. Academy of Management Journal, v. 12,n. 1, p. 81-97, 1969.