Resumo

Título do Artigo

GASTOS FINANCEIROS COM STAKEHOLDERS EM MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS: as condições financeiras importam?
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Palavras Chave

Micro, pequenas e médias empresas
Gastos financeiros com stakeholders,
Slack resources theory.

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Pequenas e Médias Empresas

Autores

Nome
1 - Jose Elenilson Cruz
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA DE BRASILIA (IFB) - Campus Gama
2 - Rafael Barreiros Porto
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - PPGA

Reumo

Pequenas e médias empresas (PMEs) têm grande relevância econômica e social em todo o mundo. No Brasil, são responsáveis, aproximadamente, por de 27% do PIB, 50% da força de trabalho e 40% da remuneração total dos trabalhadores (Sebrae, 2014). PMEs proporcionam dinamismo à economia brasileira e oportunidades de trabalho para cidadãos que encontram dificuldades para se empregarem nas grandes organizações (Santos, 2013). Diferentemente do que ocorre com grandes empresas, no contexto dessas empresas, estudos sob a slack resources theory e a literatura de desempenho social empresarial são escassos.
As questões de pesquisa deste trabalho são: a) dadas às condições financeiras de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), qual é o perfil de gastos com os stakeholders? b) MPMEs com melhores condições financeiras apresentam maior nível de gastos financeiros com stakeholders? O objetivo geral é caracterizar o perfil de gastos financeiros com stakeholders em MPMEs, e os objetivos específicos são: i) mensurar os gastos financeiros com stakeholders e as condições financeiras de MPMEs; ii) identificar se condições financeiras são fatores condicionantes de gastos financeiros com stakeholders.
RSE abrange o conjunto das expectativas econômicas, legais, éticas que a sociedade tem das empresas em determinado momento (Schwartz & Carroll, 2003), e desempenho social consiste de uma medida de mensuração da eficiência das interações mantidas pelas empresas com seus stakeholders principais (Waddock & Graves, 1997). Condições financeiras refletem o estado de saúde financeira de uma empresa no decorrer do tempo, e podem ser aferidas por medidas de folga de recursos e desempenho financeiro. As relações das empresas com seus stakeholders são reguladas por um conjunto de dispositivos legais.
Estudo comparativo, realizado com dados em painel de uma amostra de 128 MPMEs e 662 observações. O recorte temporal transversal, compreendendo o período de 2010 a 2015. Os dados foram extraídos de relatórios contábeis. Foram utilizadas medidas de gastos financeiros com stakeholders, e de condições financeiras, que foram aferidas por medidas de desempenho financeiro e folga de recursos. Foi aplicada análise de cluster para classificar as empresas em grupos distintos de condições financeiras, e análises de variâncias para comparar entre si os gastos financeiros com stakeholders dos clusters.
Quanto aos gastos financeiros totais com stakeholders, rejeitou-se hipótese 1. Quanto aos gastos com colaboradores, há evidências para a aceitação da hipótese 2, mas isso não ocorre com os gastos obrigatórios e espontâneos com esse stakeholder, levando à rejeição das hipóteses 2a e 2b. Quanto aos gastos com clientes, rejeitou-se a hipótese 3, o mesmo ocorrendo em relação aos gastos obrigatórios e espontâneos, levando à rejeição das hipóteses 3a e 3b. Quanto aos gastos com a comunidade, rejeitou-se também a hipótese 4. No geral, as premissas da slack resources theory não foram corroboradas.
Condições financeiras não implicam em maior ou menor nível de gastos totais com stakeholders, indicando que PMEs, com melhores condições financeiras consideram aspectos de racionalidade econômica em suas decisões, e que há outros fatores motivadores desses gastos nessas empresas. Foi confirmada a importância de colaboradores para de MPMEs, uma vez que as premissas da slack resources theory, nesse caso, foram confirmadas. Futuras pesquisas podem identificar se PMEs com maior nível de gasto total com stakeholders ou isoladamente com alguns deles, apresentam melhores resultados financeiros.
Bnouni, I. (2011, January). Corporate social responsibility (CSR) and financial performance (FP): case of French SMEs. International Council for Small business (ICSB): Washington, United States. Santos, C. A. (coord) (2013). Pequenos Negócios: desafios e perspectivas. Brasília: SEBRAE, 2013. Waddock, S. A., & Graves, S. B. (1997). The corporate social performance-financial performance link. Strategic Management Journal, 18(4), 303-319. Schwartz, M. S., & Carroll, A. B. (2003). Corporate social responsibility: A three-domain approach. Business Ethics Quarterly, 13(04), 503-530.