Resumo

Título do Artigo

PRÁTICAS DE CONSUMO CULTURAL E GOSTO COMO MARCADORES DE DISTINÇÃO SOCIAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA NO CAMPO DA MÚSICA
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Palavras Chave

consumo cultural
música
revisão sistemática

Área

Marketing e Comportamento do Consumidor

Tema

Consumo, Sociedade e Materialismo

Autores

Nome
1 - Aline Pereira Sales Morel
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia

Reumo

O entendimento do consumo de status tem sido o centro de um rico debate teórico. A mais reconhecida teoria foi elaborada por Bourdieu (1984), segundo o qual julgamentos de gostos e de preferências são um meio de afirmar ou conformar uma vinculação social, no qual o capital cultural é utilizado como fonte de valor e distinção. Ao longo do tempo, novos elementos foram lançados por estudiosos como Peterson (1992), que estruturou o conceito de “onívoro cultural”, entre outros que evidenciaram a influência de outras variáveis sociológicas na construção do status e distinção.
Qual o estado da arte sobre consumo cultural e gosto no campo da música? Para responder a essa questão de pesquisa, esse artigo tem por objetivo fazer uma revisão sistemática da literatura sobre práticas de consumo cultural e gosto como marcadores de distinção social, com enfoque no campo cultural da música. Entre os campos culturais comumente estudados, optou-se pela música tendo em vista a sua relevância econômica e cultural, além das mudanças nos padrões de gosto e consumo devido ao crescimento da internet e da digitalização das formas musicais.
A teoria do consumo de status tem sua origem atribuída a Veblen (1899) e Simmel (1904) que cunharam o termo trickle-down consumption. A corrente teórica que advém de Bourdieu constitui o foco principal desse estudo. Segundo Bourdieu, os julgamentos de gostos e de preferências não são o reflexo da estrutura social, mas um meio de afirmar ou de conformar uma vinculação social. Existem três construtos básicos na teoria de Bourdieu: capital cultural, habitus e campo social. Esses três elementos se relacionam e constituem o âmago da teoria de consumo de status por ele desenvolvida.
O estudo se caracteriza como uma revisão sistemática de literatura. Foram escolhidas as palavras-chave, “cultural consumption” e “taste” e as bases de dados, Web of Science, Scopus e Science Direct (Elsevier). Determinou-se que a busca se daria no título, resumo e palavras-chave. Após exclusão de artigos por indisponibilidade de acesso na íntegra, idioma além do inglês, português ou espanhol, inadequação aos objetivos desse trabalho e duplicidades entre as bases, a amostra analítica final abarcou 79 artigos. Foi feita leitura completa dos artigos e fichamentos, seguido pela categorização.
Evidenciou-se a relevância e destaque obtido pelo campo cultural da música nos estudos sobre consumo cultural e distinção social. Também se destacou a influência de outras variáveis, além do capital cultural, na construção do status e distinção (como escolaridade, renda, classe, ocupação, idade, sexo). Grande parte dos estudos sobre o campo da música se inserem no o embate entre defensores da teoria da homologia proposta por Bourdieu e os defensores da teoria do onívoro cultural proposta por Peterson , com algumas tentativas de perspectivas conciliatórias.
Os resultados sugerem a necessidade de novos estudos empíricos, que busquem analisar o gosto e o consumo cultural a partir de um enfoque multifacetado. Além disso, vale considerar a estrutura social de países em desenvolvimento, como o Brasil, cujas particularidades precisam ser exploradas na criação de uma teoria de consumo de status adaptada. Argumenta-se que esse estudo contribui na geração de insights para estudos futuros e também por oferecer um panorama detalhado da produção científica até o momento.
BENNETT, T.; SAVAGE, M.; SILVA, E.B.; WARDE, A.; GAYO-CAL, M.; WRIGHT, D. Class, Culture, Distinction. London: Routledge, 2009. BOURDIEU, P. Distinction. London: Routledge, 1984. PETERSON, R. Understanding audience segmentation: from elite and mass to omnivore and univore. Poetics, v.21, p. 243-258. 1992. COULANGEON, P.; LEMEL, Y. Is 'distinction' really outdated? Questioning the meaning of the omnivorization of musical taste in contemporary France. Poetics, v. 35, n. 2-3, p. 93-111, abr.-jun. 2007.