Resumo

Título do Artigo

Identidades acadêmicas em uma era de produtivismo: o (des)alojamento das mulheres contadoras
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Palavras Chave

Mulheres
Identidades acadêmicas
Pós-graduação

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Formação do Professor e Pesquisador

Autores

Nome
1 - João Paulo Resende de Lima
FEA-RP/USP - Depto de Contabilidade
2 - Elisabeth de Oliveira Vendramin
FEA-RP/USP - PPGCC
3 - Silvia Pereira de Castro Casa Nova
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia Administração e Contabilidade

Reumo

O aumento da participação de mulheres em áreas historicamente masculinas pode trazer pressões adicionais em um ambiente já marcado pelo stress e pela competitividade. No primeiro programa de pós-graduação stricto sensu em contabilidade do Brasil, 12,5% dos docentes e 58% dos discentes atualmente matriculados são mulheres. Outros 12 programas de doutorado foram iniciados nos últimos anos, em um universo de 370 docentes, apenas 26% são mulheres. Esses dados demonstram que o ambiente da pós-graduação stricto sensu em contabilidade é uma área masculina.
Buscou-se responder ao seguinte problema: Como as barreiras e impulsionadores encontrados por mulheres em suas experiências em programas de pós-graduação em áreas predominantemente masculinas moldam o processo de construção de sua identidade profissional docente? Tendo em vista esse problema, o estudo tem o objetivo de analisar as experiências acadêmicas de mulheres cursando doutorado nos programas de contabilidade de uma universidade pública brasileira, visando explorar as percepções sobre as etapas do programa e, para cada uma dessas etapas, impulsionadores e barreiras que tenham encontrado.
Cenário acadêmico altamente competitivo proporciona momentos de fragilidade para homense mulheres, porém, as mulheres enfrentam barreiras adicionais:o fato de a academia ter sido por muito tempo visto como um ambiente masculino (Guedes, 2008); mulheres e seus interesses de pesquisa têm tido papel secundário (Ropers-Huilman&Winters, 2011);as taxas de matrículas em alguns países começaram a estagnar(patamares inferiores a 50%) e a taxa de evasão se apresenta maior entre mulheres, portanto, o número de matrículas não reflete o número de títulos obtidos por mulheres (Velho e León, 1998).
Foi adotada a abordagem qualitativa de pesquisa, que consiste em técnicas interpretativas que transformam a realidade em representações com o objetivo de interpretar ou compreender determinados fenômenos (Denzin & Lincoln, 2005).A construção dos dados foi realizada por meio entrevistas semi estruturadas com 10 alunas de 2 cursos de doutorado em contabilidade. A seleção das entrevistadas buscou abranger a maior diversidade possível, assim, foram entrevistadas cinco alunas de cada programa, de linhas de pesquisa distintas e em diferentes fases do programa de doutorado.
Para a análise dos dados foi empregada a análise de conteúdo por categorização. Conforme Bardin (2011, p. 145) “a categorização é uma operação de classificação deelementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento”.Inicialmente, foram analisadas, com base nos relatos, as barreiras enfrentadas e impulsionadores encontrados, coerente com o proposto por Casa Nova (2016).
Colocando os fatores em uma balança temos mais barreiras do que impulsionadores, levando a um passivo a descoberto. Isso pode ser representado pela afirmação quenos deu as verdadeiras cores do processo na visão dessas mulheres e que reproduzimos aqui em suas próprias palavras: “É isso! Ainda tenho o mesmo plano. Apesar de tudo que tentaram. Porque a impressão é essa, desde que eu entrei no curso querem que eu desista. Estão fazendo um esforço magnífico para que eu desista. Eu não desisti! E ainda quero ser professora e dar aulas e pesquisar em contabilidade, nessa área [em que pesquisa]”
Casa Nova, S. P. C. (2012). Impactos de Mestrados Especiais em Contabilidade na trajetória de seus egressos: um olhar especial para gênero. Revista Contabilidade e Controladoria, 4(3). Ropers-Huilman, R., &Winters, K. T. (2011). Feminist research in higher education. The Journal of Higher Education, 82(6), 667-690. Silva, S. M. C. (2016). Tetos de vitrais: gênero e raça na contabilidade no Brasil. Tese de Doutorado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo.