Resumo

Título do Artigo

“Ensina-me a orientar”: o papel da relação de orientação na construção do ser orientador
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Palavras Chave

Orientador
Formação docente
Pós-graduação

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Formação do Professor e Pesquisador

Autores

Nome
1 - João Paulo Resende de Lima
FEA-RP/USP - Depto de Contabilidade
2 - Raíssa Silveira de Farias
FEA-RP/USP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
3 - Elisabeth de Oliveira Vendramin
FEA-RP/USP - PPGCC
4 - Silvia Pereira de Castro Casa Nova
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia Administração e Contabilidade

Reumo

A literatura aponta que na pós-graduação stricto sensu a atividade de orientação é negligenciada (Costa, Souza & Silva, 2014). Além de muitas vezes, a preparação ou formação para orientação acabar não sendo abrangida em nenhum momento na formação docente (Casa Nova, 2014).O tema tem ganhado destaque e a discussão adquirido tom de urgência tendo em vista a expansão dos programas. Especificamente na contabilidade, no Brasil, a pós-graduação teve início em 1970.Apesar do início lento e tardio, um forte movimento de expansão iniciou-se em 2007 e hoje conta com 27 programas de pós-graduação.
Dado o cenário de expansão dos programas de pós-graduação stricto sensu,a importância da formação para a atividade de orientação acadêmica e considerando a falta de formação específica este estudo propõe-se a responder a seguinte pergunta: como é construído o ser orientador do professor de pós-graduação stricto sensu em contabilidade no Brasil?A literatura aponta que o orientador é tido como principal referência e modelo na formação do estudante, assim como acontece na formação pedagógica, aprende-se a orientar a partir da maneira com que se foi orientado(Costa, Souza & Silva, 2014).
Professores exercem a função de orientador sem preparo adequado para tal(Leite Filho & Martins, 2006). Ponto central é considerar que a orientação é uma tarefa especializada da docência, assim, precisa de capacitação específica (Costa, Souza & Silva, 2014).Durante o processo de orientação é importante que cada um dos envolvidos saiba e assuma seus papéis, responsabilidades e funções para o bom andamento do processo. O processo de construção do conhecimento necessita da interação entre orientador e orientado (Leite Filho & Martins, 2006).
Estudo de abordagem qualitativa (Creswell, 2007), com base no paradigma interpretativista (Lincon &Guba, 2000; Gephart, 2004), e orientação metodológica fundamentada no estudo qualitativo interpretativo básico proposto por Merriam (1998) e Caelli, Ray e Mill (2003).Buscou-se entender os significados dados à construção do ser orientador por professores de pós-graduação stricto sensu em contabilidadecuja seleção teve como base a busca pela maior diversidade possível no perfil e na formação dos indivíduos.A construção dos dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas.
A análise das evidências teve como base a abordagem de template proposta por King (2004). Nessa abordagem as evidências são analisadas a partir da produção de uma lista de códigos ('template') que representa temas identificados nos dados textuais, ou definidos a priori, pelo pesquisador. Os três higher-order codes encontrados foram: experiência como orientado; transição entre ser orientado e ser orientador, e; relação com seus orientados. De cada um desses surgiram subcategorias, denominadas de lower-order codes.
A análise das entrevistas proporcionou a compreensãode alguns fatores que influenciaram a construção do ser orientador. Compreende-se as experiências vividas enquanto orientado como de suma importância na construção do ser orientador e na forma como são conduzidos os processos de orientação, hoje, enquanto orientadores em programas de pós-graduação stricto sensu. As experiências que mais influenciam na construção do ser orientador são aquelas vivenciadas enquanto orientado, uma vez que, servem como modelo a respeito do processo de orientação construído como os seus orientados.
Amundsen, C. & McAlpine, L. (2009) ‘Learning supervision’: trial by fire. Innovations in Education and Teaching International, 46(3), 331-342. Costa, F. J.; Sousa, S. C. T., & Silva, A. B. (2015). Um modelo para o processo de orientação na pós-graduação. Revista Brasileira de Pós-Graduação, 11(25), 823-852. Leite Filho, G. A. & Martins, G. A. (2006). Relação orientador-orientado e suas influências na elaboração de teses e dissertações. Revista de Administração de Empresas – ERA, 46 (Edição Especial), 99-109.