Resumo

Vivendo, até 2014, sem perspectiva da presença de concorrentes, os taxistas se viram às voltas, de repente, com a presença da Uber no mercado. Com adesão maciça de usuários (acesso fácil, preço baixo, maior número de veículos disponíveis, melhor qualidade de serviço) e de pessoas que buscavam nova oportunidade no mercado de trabalho, a Uber expandiu seus serviços rapidamente, trazendo grandes transtornos à vida dos taxistas. E é essa distensão o tema da presente pesquisa. Deseja-se, à luz do macromarketing, compreender e analisar a situação que surgiu em 2014

A partir da compreensão do posicionamento de uberistas e taxistas sobre a presença da Uber no mercado, a pesquisa busca analisar os impactos dessa presença sobre a vida desses profissionais, levando-se em consideração três possíveis cenários: a regulamentação, a não regulamentação e a saída da Uber do mercado.

As décadas de 1960 e 1970 marcaram um novo posicionamento na história do marketing, com a introdução do conceito de macromarketing, que incluía a relação marketing-sociedade em seu escopo de estudo e definia os sistemas agregados de marketing como seu núcleo de estudo. Considerando que o assunto em estudo impacta, diretamente, parte da sociedade que se vê envolvida neste segmento de transporte (uber e táxi), torna-se perceptível a importância do estudo deste tema à luz do macromarketing e dos sistemas de marketing.

A partir de um roteiro semi-estruturado, foram realizadas entrevistas em profundidade com 9 taxistas e 8 uberistas, destacando-se as seguintes questões: perfil inicial, cotidiano profissional, posicionamento sobre a presença da Uber e sobre a regulamentação da empresa; e expectativas futuras, considerando-se os três cenários possíveis: regulamentação, não regulamentação e saída da Uber do mercado. Após foi feita a categorização dos dados e, na sequência a análise dos resultados, por meio da análise de conteúdo.

Desde o perfil inicial até as expectativas futuras em relação ao assunto, dados os três cenários possíveis, o que ficou perceptível foi a grande discrepância de sentimentos, opiniões e posicionamentos das duas categorias de motoristas. Enquanto taxistas veem a presença da Uber como ameaçadora e danosa aos seus interesses e até aos dos uberistas, estes já veem a Uber como primordial ao mercado, pela concorrência; aos usuários, pelas facilidades obtidas por eles; e aos próprios uberistas, pela inserção no mercado de trabalho.

Evidencia-se que a o polo em que o profissional se encontra é fator fundamental para que ele veja a Uber como danosa ou como vantajosa. Isto posto, também os três cenários propostos receberão diferentes percepções dos envolvidos, salvo raras concordâncias. Por fim, é possível concluir que há aderência entre a teoria e a prática, uma vez que os aspectos teóricos ensinados pelos pensadores encontraram respaldo na realidade encontrada no campo de pesquisa.

Foram utilizadas 31 referências bibliográficas entre livros, artigos, revistas, sites e notícias. Desses merecem destaque: a) Metodologia: Creswell (2014) e Denzin (2006); b) Análise dos resultados: Bardin (2016); e c) Referencial teórico: Alderson (1963), Ho (2005), Hunt e Burnett (1982), Layton (2015), Layton e Grossbart (2006), Moyer (1972), Shaw e Jones (2005), Sheth (1999), Venkatesh (1999), e Wilkie e Moore (1999 e 2012).