Resumo

A rotulagem ecológica não é novidade, mas tem ganhado força com o aumento das pressões sociais e regulamentações, além da maior demanda por produtos e serviços ambientalmente responsáveis. Ao mesmo tempo, cresce no ambiente corporativo a preocupação com boas práticas em governança como resposta às questões críticas que envolvem as corporações. Nesse contexto, o presente estudo analisa a rotulagem ecológica sob a ótima da governança corporativa, buscando entender suas relações, por meio de análise teórico conceitual, seguida por análise de conteúdo dos documentos de governança da CPFL Energia.

O presente trabalho possui como problema identificar se: “A rotulagem ecológica e a governança corporativa possuem interconexões, relações entre aspectos conceituais e/ou práticos?”. A partir do problema, tem-se como objetivo geral pontuar os possíveis cruzamentos entre o tema da rotulagem ecológica – representada pelos selos e certificações ambientas – e a governança corporativa, a partir da análise teórico conceitual dos tópicos propostos e suas interconexões, bem como de análise de conteúdo de documentos de governança corporativa da CPFL Energia, empresa utilizada como objeto de estudo.

Pressões sociais e demanda por postura socialmente responsável tem levado empresas às certificações ambientais (TEZ SAN et al., 2015) ou procura por selos ecológicos. Vista também como possibilidade de vantagem competitiva, a rotulagem ecológica reúne, hoje, 465 selos em todo o mundo. A governança corporativa, por sua vez, auxilia na gestão empresarial eficiente, em um ambiente com diferentes stakeholders e demandas. Desse cenário, fazem parte as questões socioambientais, tratadas no mundo corporativo, sob a ótica da Responsabilidade Social Empresarial (RSE).

A pesquisa pode ser classificada como teórica, exploratória e qualitativa. Seu desenvolvimento baseia-se em análise conceitual dos tópicos propostos - rotulagem ecológica e governança corporativa - e suas possíveis interconexões, seguida de análise de conteúdo de 13 documentos de governança divulgados pela empresa selecionada como objeto, a CPFL Energia. Para a análise de conteúdo, foi utilizada a técnica de análise categorial temática e a definição de três categorias, a fim de facilitar a compreensão da abordagem do assunto rotulagem ecológica dentro dos documentos de governança da empresa.

A análise teórico conceitual revela significativa relação entre rotulagem ecológica e governança corporativa, com a presença de estudos que apontam influência dos stakeholders na implementação de práticas ambientais (como selos e certificações) e na gestão de sustentabilidade (GONZÁLEZ-BENITO et al., 2011; RODRIGUE et al., 2013). Complementarmente, a análise de conteúdo dos documentos de governança da CPFL Energia ratifica tal relação, visto que a temática de práticas ambientais e sustentabilidade está presente em 6 dos 13 itens analisados, dentre outros aspectos.

A partir das análises, identifica-se significativa interconexão entre as temáticas propostas no estudo - rotulagem ecológica e governança corporativa. No âmbito teórico conceitual, estudos retratam a relação entre stakeholders e práticas ambientais corporativas. Além disso, como a rotulagem ecológica pode ser associada a práticas e gestão ambientais, assuntos amplamente abordados nos documentos de governança da empresa estudada, a análise de conteúdo confirma tal interconexão. Para evidenciação prática de tal relação encontrada, sugere-se como agenda futura a realização de estudo de caso.

GONZÁLEZ-BENITO, J; LANNELONGUE, G; QUEIRUGA, D. Stakeholders and environmental management systems: a synergistic influence on environmental imbalance. Journal of Cleaner Production. p.1622-1630, 2011. RODRIGUE, M.; MAGNAN, M; BOULIANNE, E. Stakeholders’ influence on environmental strategy and performance indicators: A managerial perspective. Management Accounting Research. v. 24, p. 301-306, 2013. TEZ SAN, O. et al. ISO 14001 Certification and financial performance of companies. Asia-Pacific Management Accounting Journal, Shah Alam, v. 10, n. 2, p. 57-77, dec. 2015.