Resumo

Ao fazer com que as empresas tomem para si responsabilidades que antes eram do Estado, a estratégia de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) tem sido estudada por alguns autores como um fenômeno político. Esta vertente da literatura é chamada Political Corporate Social Responsibility (PCSR) (Matten & Crane, 2005; Scherer & Palazzo, 2011). Há diversas ações promovidas pelo Estado, em todos os níveis, em parceria com a iniciativa privada, que parecem extrapolar os entendimentos existentes sobre os limites da RSC como filantropia.

No Brasil, pouquíssimos pesquisadores brasileiros têm refletido sobre a dimensão política da RSC. Uma pesquisa rápida em uma base de dados integrada, pelo termo “Responsabilidade Social Corporativa Política” traz apenas dois resultados relevantes. Assim, a proposta apresentada visa despertar nos pesquisadores de RSC a curiosidade sobre o fator “poder” e dar um ponto de partida para que iniciem suas investigações na área de “Political CSR (Political Corporate Social Responsibility) ”. Espera-se que despertem principalmente a pesquisa empírica e operacionalização dos construtos na área.

As vertentes identificadas na dimensão política são: Responsabilidade social corporativa política – Cidadania empresarial e governança global (Matten & Crane, 2005; Scherer & Palazzo, 2011); Responsabilidade social corporativa e Legitimidade política (Detomasi, 2008; Zhao, 2012) e Complementaridade de recursos das estratégias de RSC e CPA(Rehbein & Schuler, 2013).

Apresentou-se como formou-se o conceito de RSC, identificando as dimensões filantrópica, estratégia e política. Após, dividiu-se a dimensão política em três vertentes principais com autores ilustrativos dos seus principais conceitos e pontos de investigação na literatura. Não se trata de um estudo bibliométrico, nem tampouco tem a intenção de esgotar a literatura ou dividi-la em clusters de forma positivista. Como ensaio teórico, sua força , como disse Meneghetti (2011) “não está no seu rigor metodológico mas na sua capacidade reflexiva para compreender a realidade.

Como principal contribuição, apresentou-se um quadro sintético com os principais autores de Political CSR e seus principais questionamentos. O estudo lança um questionamento: “Por que no Brasil temos poucos estudos baseados na dimensão política da RSC? Os estudo levanta como justificativas deste cenário a formação de caráter instrumental do Administrador, com baixo índice de formação em disciplinas humanistas, que são fundamentais à Political CSR. Além disso levanta a possibilidade deste campo de pesquisa não estar de acordo com o paradigma positivista de ciência vigente.

Conclui que as teorias não parecem dar conta das especificidades brasileiras, especificamente quanto aos canais de em que a dimensão política da RSC pode se manifestar. Esta pode ser uma dificuldade dos pesquisadores brasileiros que poderão ultrapassar esta barreira buscando canais não convencionais de atuação política e RSC como fundações, associações de classe, think tanks.

Detomasi, D. A. (2008). The political roots of corporate social responsibility. Journal of Business Ethics, 82(4), 807–819. http://doi.org/10.1007/s10551-007-9594-y Matten, D., & Crane, A. (2005). NOTE CORPORATE CITIZENSHIP : TOWARD AN EXTENDED THEORETICAL University of London. Academy of Management Review, 30(1), 166–179. http://doi.org/10.2307/20159101 Meneghetti, F. K. (2011). Documentos e Debates O que é um Ensaio-Teórico ? RAC. Revista de Administração Contemporânea, 15(2), 320–332. Rehbein, K., & Schuler, D. A. (2013). Linking Corporate Community Programs and Political Strategies: