Resumo

Observamos o nascimento de esforços teóricos que buscam classificar, caracterizar e compreender diferentes percursos profissionais e diferentes maneiras de se comportar diante das dificuldades e possibilidades que se configuram no novo contexto de trabalho. Revisões da produção científica sobre carreira já foram escopo de outros artigos, uma sob a ótica dos estudos vocacionais, e outra na ótica da psicologia-educação. Porém, não encontramos revisão sob o ponto de vista da administração, lacuna que o presente artigo procura preencher.

O artigo buscou promover uma análise da produção científica sobre carreira em 50 periódicos nacionais com Qualis A2, B1 e B2. O período escolhido para a pesquisa foi entre os anos de 2001, e 2016. Assim, analisou-se os 96 artigos encontrado nestes periódicos. Os objetivos específicos foram: 1) examinar informações relativas a autoria das publicações; 2) identificar os procedimentos metodológicos relatados nos artigos analisados; e 3) analisar aspectos relativos ao modo como a carreira é abordada.

Chanlat (1995) classifica a carreira em dois modelos: tradicional e moderna. O modelo tradicional é caracterizado pela carreira construída dentro de uma só organização, com progressão linar e vertical na hierarquia organizacional. O modelo moderno surgiu nos anos 1970, e caracteriza-se pela descontinuidade, instabilidade e horizontalidade, criando um ambiente dinâmico para a construção da carreira. Além disso, os modelos emergentes foram criados para classificar as diferentes formar de carreira que surgiram com o modelo tradicional. Os modelos mais citados foram a sem fronteiras e a proteana.

Primeiramente, foi feita uma pesquisa nos periódicos brasileiros de administração com Qualis A2, B1 e B2, utilizando palavras-chaves, e foram encontrados 1271 artigos. Após, foram feitas duas filtragens com o intuito de retirar os artigos que não trouxessem o estudo de carreira como tema de destaque, utilizando alguns critérios como trazer o termo carreira no texto, tratando-o como escopo central, filtrando os 96 artigos utilizados no presente estudo. Estes artigos foram analisados segundo critérios adaptados de outra análise bibliográfica feita anteriormente por Borges-Andrade e Pagotto(2010)

Sobre os autores, vimos que dos 199 autores, maioria são doutores formados em administração. Sobre as metodologias, a maioria dos artigos são descritivos, qualitativos, com origem de dados primária, e utilizaram questionários para a coleta de dados. Sobre o estudo de carreira, a maioria dos artigos não teve um embasamento teórico, analisando as carreiras de forma geral, sem seguir uma linha teórica criada anteriormente. Por outro lado, dos que tiveram embasamento teórico, a maioria estudou as âncoras de carreira, as carreiras proteanas e as carreiras sem fronteiras.

Houve um aumento de estudos sobre carreira nos últimos anos. Porém, fica como sugestão que os futuros artigos analisem a carreira utilizando os modelos criados, além de aumentar a cooperação entre autores de diferentes IES, utilizar metodologias não-tradicionais, e aumentar os estudos em organizações dos setores primário e secundário. Por fim, a divisão dos resultados em três seções facilitou a compreensão dos três objetivos específicos do presente artigo, além de promover uma melhor leitura. Assim, o presente artigo mostra-se relevante para contribuir com os futuros estudos na área.

BORGES-ANDRADE, J. E; PAGOTTO, C. do P. O estado da arte da pesquisa brasileira em psicologia do trabalho e organizacional. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 26, n. 25ANOS, p. 37-50, 2010. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a04v26ns.pdf >. CHANLAT, J-F. Quais carreiras e para qual sociedade? (I). Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 6, p. 67-75, 1995. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n6/a08v35n6.pdf >.