Resumo

A concepção de modelos de negócios integra o comportamento econômico desde o período pré-clássico (séc. XIX), porém, essa expressão começou a ser utilizada com frequência após o surgimento dos e-business (Osterwalder, Pigneur, & Tucci, 2005). Ainda assim o termo não possui uma acepção axiomática, o que dificulta sua compreensão (Souza, Batista, & Mota, 2014). Tal inconsistência conceitual deriva da pluralidade de definições de autores que estudam o assunto sob diversas lentes teóricas (Klang, Wallnöfer & Hacklin, 2014.

A revisão bibliográfica confirmou um gap de estudos quantitativos que mensurem modelos de negócios (Klang et al., 2014. Os trabalhos de Souza et al. (2014) (base da pesquisa) foi uma das primeiras iniciativas de pesquisa que se concentram em atender tal carência, e apesar da iniciativa e ineditismo, os autores encontraram inconsistências que a presente pesquisa buscará sanar ou amenizar, tendo o seguinte como objetivo geral reestruturar a escala de Souza et al. (2014) (1) incorporando novas variáveis e (2) propondo uma nova redação às afirmativas que não foram validadas na pesquisa anterior.

Foi empregado neste trabalho a mesma taxonomia e denominações ontológicas do modelo proposto por Osterwalder et al. (2005), sendo este um dos modelos mais empregados no meio acadêmico e profissional (Klang et al., 2014), composto por quatro blocos (Produto/Serviço, Interface com Cliente, Gestão da Infraestrutura e Gestão Financeira) que se subdividem em 9 componentes (Proposta de Valor, Segmentação de Mercado, Canais de Distribuição, Relacionamento com o Cliente, Configuração de Valor, Capacidades, Parcerias, Modelo de Receitas e Estrutura de Custos).

Após reestruturar o instrumento de pesquisa com 39 assertivas mensuradas por escala Likert de 5 pontos, foram aplicados questionários impressos com empresários e gestores de várias empresas na Cidade de Fortaleza-CE. Foram coletadas 287 respostas, por meio de amostra não probabilística (. Os dados foram tratados com o auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Todo o procedimento para elaboração, adaptação e validação das escalas foi realizado conforme orientações de Costa (2011).

A escala proposta inicialmente contemplava 39 variáveis que foram submetidas aos procedimentos de validação (Costa, 2011). No total, quinze variáveis foram reformuladas, sendo dez reescritas e cinco incorporadas. Três variáveis apresentaram inadequações e foram excluídas da escala final: PS_PV6 relacionada à liquidez do produto/serviço, GI_CV1 sobre as atividades principais das empresas e a GF_MR1 que verificou se a venda de produtos/serviços seria a forma mais usual das empresas obterem receita. Ao final, a escala ficou com trinta e seis variáveis distribuídas em nove construtos (fatores).

A consolidação da escala possibilita o estudo dos modelos de negócios em pesquisas de natureza quantitativa, ainda raros. Os resultados empíricos deste trabalho manifestam-se no auxílio da compreensão das variáveis que formam o Modelo de Negócios para a prática da gestão, tornando-se um parâmetro essencial para decisões estratégicas dos gestores, pois a prática gerencial demonstra que a ferramenta Canvas, base conceitual do Modelo de Negócios utilizado nesta pesquisa é utilizada sem o devido conhecimento dos seus pilares e o impacto que causam na Proposta de Valor.

Costa, F. D. (2011). Mensuração e desenvolvimento de escalas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna. Klang, D., Wallnöfer, M., & Hacklin, F. (2014). The business model paradox. Intern. Journal of Management Reviews, 16(4), 454-478. Osterwalder, A., Pigneur, Y., & Tucci, C. L. (2005). Clarifying business models: Origins, present, and future of the concept. Com. of the Assoc. for Inf. Systems, 16(1), 1-40. Souza, E. M., Batista, P. C. S., & de Oliveira Mota, M. (2014). Escala para mensuração de modelo de negócios. Rev. Ciênc. Administrativas, 20(2), 480-504.