Resumo

Título do Artigo

PERCEPÇÃO DOS MOTORISTAS SOBRE AS DINÂMICAS DE TRABALHO EM PLATAFORMAS DIGITAIS
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Palavras Chave

Condições de Trabalho no Transporte Compartilhado.
Percepções dos trabalhadores
Dinâmica de trabalho

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Bem-Estar e Mal-Estar no Trabalho

Autores

Nome
1 - Natasha Freitas de Souza
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós Graduação em Administração (PPGA)
2 - Anne Gabrielle Cruz de Oliveira Freire
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós Graduação em Administração (PPGA)
3 - Edilania Miranda Conrado
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Itaperi
4 - Luiz Stephany Filho
Universidade de Fortaleza - UNIFOR - Parque Tecnológico

Reumo

Estudos recentes indicam que, embora as plataformas ofereçam flexibilidade e oportunidades econômicas, também levantam questões sobre segurança, direitos trabalhistas e a sustentabilidade do modelo de negócios (Filgueiras; Antunes, 2020). Por exemplo, pesquisas mostram que os trabalhadores de plataformas como a Uber muitas vezes enfrentam condições de trabalho instáveis e remuneração variável, o que pode afetar sua segurança financeira e bem-estar psicológico (Ferreira; Mendes; Naves, 2023; Rodrigues; Wolkmer; Menezes, 2022).
O objetivo geral deste estudo é compreender as percepções dos trabalhadores sobre as dinâmicas de trabalho em plataformas de consumo colaborativo de transporte compartilhado. Orientando pela questão: Quais as percepções dos trabalhadores sobre as dinâmicas de trabalho em plataformas de consumo colaborativo? Para alcançar esse propósito, busca-se descrever as dinâmicas de trabalho vigentes em plataformas de transporte compartilhado e identificar as avaliações e os sentimentos dos trabalhadores de transporte compartilhado sobre essas dinâmicas de trabalho.
As características comuns entre relações de trabalho nos fenômenos digitais, incluem interações online entre produto e consumidor, uso de aplicativos e dados digitais para a gestão e relações estabelecidas por demanda, geralmente sem garantias jurídicas de continuidade, porém essa configuração laboral segue com um processo individualizado, onde o assalariamento não percebido, mas revela uma precarização, evidenciado pela fluidez contratual, longas jornadas, ausência de folgas e férias, baixa remuneração, desligamentos e transferência de riscos e segurança (Filgueiras; Antunes, 2020).
Foi aplicada uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem qualitativa na cidade de Fortaleza/Ceará, com trabalhadores cadastrados e atuantes em plataformas de transporte compartilhado. Antes da coleta, realizou-se uma pré-análise para validar o roteiro e ajustar o formato da entrevista. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semiestruturadas presenciais, com um roteiro de questões que permitiu uma exposição objetiva dos entrevistados. A amostra foi composta por 12 motoristas das plataformas, incluindo carros e motos, com período de atuação mínimo de 1 ano.
A análise das percepções dos trabalhadores sobre as dinâmicas de trabalho em plataformas de transporte compartilhado revelou complexidades e nuances que são essenciais para entender o impacto dessas plataformas sobre suas vidas. Utilizando as categorias emergentes do software Atlas.TI, foram analisadas as entrevistas e identificado os seguintes blocos de sentido: Trabalho antes da Plataforma, Dinâmicas da Plataforma, Plataformas com poder, Remuneração, Estratégias do motorista, Protocolos de segurança, Rotina, Relacionamentos e Sentimentos, Incentivos e vantagens, Desvantagens e Riscos.
Os achados deste estudo confirmam um desalinhamento entre as promessas sobre flexibilização e autonomia feitas pelas plataformas, indicam também que as plataformas de transporte compartilhado oferecem uma nova alternativa de trabalho e já está consolidada e deve ser vista como permanente. No entanto, introduzem desafios significativos pela desregulamentação e vulnerabilidade dos trabalhadores. A análise da percepção dos motoristas oferece uma visão relevante para o desenvolvimento de estratégias que promovam um ambiente de trabalho mais equânime e respeitem a dignidade desses profissionais.
FILGUEIRAS, V.; ANTUNES, R. Plataformas digitais, uberização do trabalho e regulação no capitalismo contemporâneo. Revista Contracampo, v. 39, n. 1, p. 27-43, 2020. FERREIRA, F. G. et al. O mal-estar na uberização: reflexões acerca do trabalho na perspectiva da lógica neoliberal. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 26, p. e-195592 , 2023. RODRIGUES, S. R. V. et al. Uberização, lutas sociais e pandemia. REVISTA ESTUDOS INSTITUCIONAIS, v. 8, n. 1, p. 1–22, 2022.