Colonialidade do saber
Projeto de Extensão
Pós-Graduação
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Organizações Alternativas
Autores
Nome
1 - Caio Correia dos Santos Quina UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas
2 - Aline da Cunha Miranda UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Programa de Pós Graduação em Administração - PPGA UFLA
3 - Larissa Lemos Dias UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
4 - Débora Dias Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Pós-Graduação Doutorado Administração UFLA, Lavras, Minas Gerais.
5 - Flávia Luciana Naves Mafra UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - DAE
Reumo
A formação na pós-graduação no Brasil carrega uma forte valorização da pesquisa em detrimento do ensino e da extensão (Nunes, 2017). Nesse sentido, existe uma hierarquização dos pilares que constituem o saber dentro das Universidades e esse fato faz com que a extensão seja pouco valorizada neste âmbito, em especial, na pós-graduação (Nunes, 2017), emergindo a necessidade de evidenciar experiências que contribuem com a indissociabilidade entre o tripé (ensino-pesquisa-extensão).
O artigo objetiva a caracterizar a construção do projeto de extensão Feira de Trocas da UFLA, discutindo sua contribuição para a formação de pós-graduandos por meio das lentes da decolonialidade do saber, uma vez que a extensão assume uma posição de compromisso das Universidades junto à sociedade, estando orientada a superar barreiras entre os saberes científicos e populares (Moita; Andrade, 2009).
O referencial teórico do artigo aborda sobre a colonialidade do saber no ensino superior e a extensão universitária. A colonialidade refere-se aos mecanismos de exploração e subversão impostos pelos colonizadores aos povos colonizados, que perpetuam mesmo após a independência das colônias. Mesmo buscando se distanciar do aparato da colonialidade e assumir o papel de transformadora social, as universidades ainda se situam como uma instituição em que suas organizações curriculares e institucionais reproduzem as dimensões colonial-moderno (Almeida-Filho, 2024).
Este artigo caracteriza-se como qualitativo, de caráter exploratório e descritivo. O método utilizado foi o autoetnográfico. Justifica-se o uso de tal método por um dos autores desse trabalho ser um dos informantes, juntamente com outros quatro precursores do projeto Feira de Trocas. A sua participação nos relatos possibilitou compreender toda a história do projeto, como também, apresentar detalhes enriquecedores, por ser um dos membros fundadores do projeto e por permanecer em atividade. Para tratar as informações coletadas foi utilizada a análise de narrativa temática.
Demonstra-se por meio do relato dos estudantes participantes do projeto de extensão que esses, conseguem atribuir significados e incorporar outros saberes a sua formação. Evidenciando a potencialidade do projeto coletivo Feira de Trocas de romper com os aspectos da colonialidade no âmbito das Universidades e como importante pilar de formação para os discentes, em especial da pós-graduação, mesmo em meio a obstáculos a serem superados.
Com base nas experiências compartilhadas no projeto Feira de Trocas em consonância com as referências teóricas, consideramos a extensão como uma possibilidade de romper com a colonialidade do saber, por possibilitar a introdução de outros saberes na pós-graduação, colaborando para que a Universidade seja um espaço de formação e articulação de diferentes saberes e experiências.
ALMEIDA-FILHO, N. Resgate histórico da educação superior no Brasil: casos-índice de colonialidade na universidade. Universidades, v. 75, n. 100, p. 20-41, 2024.
MOITA, F. M. G.; ANDRADE, F. C. B. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissociabilidade na pós-graduação. Revista Brasileira de Educação v. 14, n. 41, 2009.
NUNES, F, G. Desafios da pós-graduação: articulação entre ensino, pesquisa e extensão e diálogo com outras formas de produção do conhecimento. Atos de Pesquisa em Educação, vol. 12, n. 1, p.23-35. Jan-Abr. 2017.