Resumo

A crescente preocupação com problemas graves tem levado as empresas a se envolverem em pautas de sustentabilidade e incorporarem em suas estratégias ações socialmente responsáveis. Apesar da intencionalidade descrita em relatórios de sustentabilidade e de Governança, muitas vezes não fica claro os mecanismos que as empresas utilizam para atingir tais objetivos e o real impacto de suas ações. Esta pesquisa busca investigar como empresas brasileiras constroem seus relacionamentos com stakeholders secundários, com foco em comunidades locais, sob a ótica de criação e captura de valor.

PERGUNTA DE PESQUISA: Como empresas brasileiras estão construindo seus relacionamentos com comunidades locais? OBJETIVO GERAL: Analisar como empresas brasileiras estão construindo seus relacionamentos com comunidades locais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 01) Mapear os diferentes atores envolvidos nos relacionamentos de empresas com as comunidades locais, incluindo ONGs, Governo, certificadoras, academia e outras partes interessadas e suas relações a fim de identificar modelos de Governança Compartilhadas. 02) Identificar os principais drivers que influenciam as empresas a se aproximarem

O posicionamento teórico adotado pelo pesquisador sustenta que uma empresa cuja estratégia incorpora uma governança com visão multi-stakeholder (Bacq & Aguilera, 2022) se fundamenta na legitimidade de todos os seus stakeholders (Freeman, 1984). Reconhecendo que esses stakeholders podem ter objetivos divergentes, poderão ser desenvolvidos arranjos organizacionais (Dorobantu & Odziemkowska, 2017) que permitem dar voz a essas diferentes partes. A eficácia dessa intencionalidade se concretiza quando o valor criado é distribuído de maneira justa entre os seus stakeholders legítimos.

Para este estudo será aplicado uma abordagem qualitativa exploratória. Será realizada estudo de Múltiplos Casos, tratando cada empresa focal como um caso separado e individual com cada relação sendo uma unidade de análise imbricada. O método de coleta será entrevistas em profundidade semiestruturadas e análise documental. O critério de seleção de casos segue: ser brasileiras e signatárias do Pacto Global da ONU; as empresas deveriam ter capital aberto; empresas deveriam ter relatórios de sustentabilidade auditados; por fim selecionadas empresas com pelo menos 3 anos de ações sociais.

Para análise o método será o Sintético utilizando como unidade de análise a relação entre as empresas e as comunidades locais. A codificação será realizada com o software Atlas.ti.

O resultado esperado é uma compreensão aprofundada de como empresas brasileiras constroem seus relacionamentos com comunidades locais. Espera-se identificar se os modelos de governança multi-stakeholders adotados pelas empresas seguem modelos hub-spoke ou shared. A pesquisa deve revelar como são construídos novos arranjos organizacionais que possibilitem que o valor gerado seja compartilhado de maneira justa. Espera-se identificar se os relacionamentos ocorrem de forma reativa ou deliberada. Pretende-se mapear e desenvolver um framework com os diferentes tipos de valores criados.

Bacq, S., & Aguilera, R. V. (2022). Stakeholder Governance for Responsible Innovation: A Theory of Value Creation, Appropriation, and Distribution. Journal of Management Studies, 59(1), 29–60. https://doi.org/10.1111/joms.12746 Bridoux, F., & Stoelhorst, J. W. (2022a). STAKEHOLDER GOVERNANCE: SOLVING THE COLLECTIVE ACTION PROBLEMS IN JOINT VALUE CREATION. Academy of Management Review, 47(2), 214–236. https://doi.org/10.5465/amr.2019.0441