Resumo

Organizações ambidestras buscam inovações incrementais e disruptivas simultaneamente, mantendo estruturas internas distintas para cada tipo de inovação. Mobilizar relações intraorganizacionais para obter legitimidade e recursos para projetos radicais é um desafio, exigindo esforços integrativos. Assim, o sucesso da inovação radical requer integração de funções internas e colaborações externas eficazes para que a empresa seja capaz de integrar recursos de forma adequada para as diferentes formas de inovar.

Este estudo investiga como a estrutura organizacional facilita a integração de recursos em organizações ambidestras, examinando a disposição formal das relações entre indivíduos e grupos, a distribuição de atividades e responsabilidades, e a coordenação das operações para promover essa integração. O foco está em identificar os processos e ações de gestão que organizam e distribuem recursos dentro dessas estruturas organizacionais.

A integração de recursos envolve a alocação eficiente de recursos e a resolução de conflitos sobre seu uso, buscando alcançar a unidade de esforço entre os subsistemas para cumprir os objetivos organizacionais (Lawrence & Lorsch, 1967). A estrutura organizacional define a disposição formal das relações entre indivíduos e grupos, especificando atribuições de atividades, responsabilidades e autoridade (Galbraith, 1987; Greenberg, 2011), essencial para coordenar atividades e reduzir conflitos na distribuição de recursos, promovendo alinhamento estratégico e desempenho eficiente da organização.

Este estudo investiga um fenômeno contemporâneo essencialmente caracterizado por questões do tipo "como". Utilizando um método qualitativo com três estudos de caso, adotamos um desenho comparativo para identificar padrões na influência da estrutura organizacional sobre a integração de recursos. Este método permite uma compreensão mais profunda das dinâmicas empresariais e das estruturas organizacionais, examinando sua interação com diferentes tipos de inovação. As entrevistas, realizadas pessoalmente ou virtualmente, foram conduzidas com duração de 45 a 60 minutos cada.

A disposição hierárquica da inovação impacta recursos e incentivos. Na "Elétrica", um comitê coordena P&D e melhorias, mas enfrenta desafios culturais e burocráticos. Na "Beleza", uma vice-presidência para inovação, subordinada à presidência, garante recursos e divisão de responsabilidades clara. Na "Energia", um Hub de Inovação facilita a descentralização, usando recursos de outras áreas.

A disposição hierárquica da área de inovação impacta a integração de recursos, influenciando incentivos e prioridades. A subordinação a áreas funcionais específicas limita a exploração de novas possibilidades, direcionando recursos para metas dessas áreas. A estrutura organizacional, moderada pela atribuição do grupo decisor sobre os projetos de inovação, é essencial para equilibrar a alocação de recursos. Se o grupo decisor define a estratégia de inovação, atua como moderador, promovendo uma alocação de recursos equilibrada e mitigando conflitos.

Lawrence, P. R., & Lorsch, J. W. (1967). Differentiation and Integration in Complex Organizations. Administrative Science Quarterly, 12(1), 1-47. Galbraith, J. R. (1987). Organization design. In J. W. Lorsch (Ed.). Handbook of organizational behavior (pp. 343-357). Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall. Greenberg, J. (2011). Behavior in organizations (10th ed.). Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall. Smith, W. K., M. L. Tushman, (2005). Managing strategic contradictions: A top management model for managing innovation streams. Organization. Science. 16 522–536.