Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações
Autores
Nome
1 - Anna Beatrice Silva Costa UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Campus Acadêmico do Agreste
2 - Ingrid Nascimento da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro Acadêmico do Agreste
3 - Denise Clementino de Souza UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Gestão, Inovação e Consumo (PPGIC/UFPE).
4 - Isabela Andrade de Lima Morais UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Recife
Reumo
O protagonismo das mulheres artesãs é identificado em diversas regiões do Brasil e se reflete na abundância de tipologias do artesanato. Por outro lado, observa-se o pouco reconhecimento do seu trabalho quando comparado aos dos homens, fazendo-se relevante esmiuçar os papeis das artesãs a partir de uma visão crítica à sociedade patriarcal, pois seguem oprimidas em diversos mecanismos sociais, econômicos e culturais.
Este trabalho tem como objetivo analisar a trajetória de vida e trabalho das artesãs pernambucanas no âmbito da Fenearte. Para tanto busca-se conhecer os aspectos do perfil e trajetória profissional, rastreando motivações pessoais e a escolha pelo artesanato e identificando práticas de desigualdades relativas ao gênero nos espaços da execução do ofício, na família ou comunidade as quais pertencem.
A exclusão das mulheres em outros ofícios possibilitou o balizamento delas no trabalho reprodutivo e como “trabalho na indústria artesanal doméstica” mal remunerado, assim é instaurado uma nova divisão sexual do trabalho. A Fenearte, maior feira de artesanato da América Latina, permite que o(a) artesão(ã) comercialize seus produtos diretamente com o cliente final. Envolvem cerca de 5 mil artesãos(ãs) e 300 mil visitantes durante os 11 dias de evento.
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e descritiva. Os sujeitos da pesquisa foram 14 mulheres artesãs pernambucanas que comercializavam artesanato tradicional na Fenearte. As informações coletadas se deram a partir de entrevistas semiestruturadas e observações não sistemáticas. A análise das entrevistas se deu por meio da análise de conteúdo.
O perfil observado das artesãs pernambucanas presentes na Fenearte é composto em sua maioria por mulheres entre 38 e 73 anos, negras, casadas e com filhos de maior idade. Observou-se que o trabalho artesanal transformou a vida dessas mulheres. Contudo, nota-se a desigualdade de gênero nos seus discursos no que tange diversos aspectos incluindo a divisão sexual do trabalho, protagonizando a atividade doméstica, gerando sobrecarga com o acúmulo da dupla jornada de trabalho. Além de serem subjugadas quando enveredam por tipologias distintas das usualmente ligadas ao trabalho feminino.
Foi observado que o ímpeto de transmitir a arte a partir da confecção artesanal transformou a vida das artesãs pernambucanas provendo-lhes autonomia financeira, trânsito entre suas cidades de origem e alianças entre sua rede de apoio. Sendo importante destacar que a transmissão de saberes está intimamente ligada à cultura de um povo. Outrossim, a partir da Fenearte é notado um aumento da visibilidade de muitas artesãs que influencia diretamente na comercialização de seus produtos e na abertura de network dos empreendimentos.
ARTESANATO DE PERNAMBUCO. Governo do estado de Pernambuco. 2022. Disponível em: https://www.artesanatodepernambuco.pe.gov.br/pt-BR. Acesso em: 15 de junho de 2023.
BESSA, Silvia. Fenearte: duas décadas da maior feira de arte da América Latina. Recife: Cepe, 2021.
HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, 2007.
SOUSA, JÉSSICA R. F.; SÁ, M.; SOUZA, D. C.; SILVA, S. K. Novos modos de fazer artesanato e desafios à manutenção econômica no Alto do Moura do século XXI. Revista Eletrônica de Administração, v. 26, 2020.