Resumo

Os avanços das tecnologias digitais e a integração dos mercados internacionais promovem a expansão de empresas digitais online. Essas empresas utilizam tecnologias emergentes como Cloud Computing, Big Data e Inteligência Artificial para transformar suas ofertas, processos e gestão, operando integralmente em um ambiente digital e competindo globalmente com custos reduzidos. Utilizando a metodologia de estudo de caso, este estudo investiga sete empresas, propondo o construto Competência Tecnológica Digital Internacional (CTDI), que revela capacidades críticas para a internacionalização.

Problema de Pesquisa: Há uma lacuna na literatura de Negócios Internacionais (IB) sobre como as tecnologias emergentes são especificamente empregadas e quais capacidades tecnológicas são necessárias para a internacionalização de empresas digitais. A literatura tradicional do IB foca em grandes organizações e não distingue suficientemente as empresas digitais. Objetivos: Investigar como as capacidades tecnológicas são adquiridas e implementadas na internacionalização de empresas digitais. Examinar como essas capacidades são empregadas e mantidas com base nas competências existentes.

A internet e a digitalização impulsionaram a internacionalização de empresas nativas digitais, que operam exclusivamente online. Essas empresas utilizam intensivamente tecnologias digitais para expandir globalmente, mas ainda há lacunas em como adquirem essas capacidades. A presença virtual permite a entrada internacional sem necessidade física, crucial para empresas de serviços digitais, que precisam ajustar tecnologias para diferentes mercados. A Visão Baseada em Recursos (RBV) e as Capacidades Dinâmicas são utilizadas para examinar os recursos necessários para o sucesso internacional.

Foi aplicada uma metodologia qualitativa com abordagem de estudo de caso indutivo para discutir as competências tecnológicas de empresas digitais, adequada para construir proposições iniciais. Foram selecionadas sete empresas digitais, com mais de três anos de existência, variando em tamanho, origem e países de operação, para garantir diversidade na construção tecnológica e processos de internacionalização. As empresas escolhidas são puramente digitais e independentes, com produtos digitais operando internacionalmente, sendo 4 brasileiras, 2 portuguesas e 1 espanhola.

O estudo identificou cinco competências digitais críticas e essenciais para expansão e internacionalização: Arquitetura, Infraestrutura, Interoperabilidade, Automação, Segurança de Informação e Privacidade de Dados. Estas competências são multidisciplinares, multidimensionais e interdependentes, podendo variar de acordo com o mercado que empresa opera, modelos de negócio e oferta digital. Duas outras variáveis podem moderar positivamente a internacionalização: Adaptação Tecnológica ao mercado alvo e uso de Big Data Analytics.

Este estudo concluiu que as competências digitais são fundamentais para a internacionalização, desenvolver competências tecnológicas permite criar produtos e serviços inovadores, destacando-se da concorrência e ajustadas às características de cada mercado-alvo, supera barreiras geográficas, e garante presença global com investimentos mínimos nos mercados-alvo. A capacidade de adaptação rápida às mudanças tecnológicas é essencial em um cenário digital em constante evolução.

Nambisam et al. (2017, 2019); Monahgam et al. (2019); Van Alstyne et al. (2016); Branadwaj et al. (2013); Tippmann et al. (2023); Andersson et al. (2014); Yoo (2010); Cahen e Borini (2020); Hodapp e Hanelt (2022); Autio et al. (2018, 2021); Teece (2018); Ertemel (2015); Dam et al. (2019); Liang e Liu (2018); Brouthers et al. (2022), Banalieva et al. (2019)