1 - Mariana Laporta Barbosa FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC) - ESAG
2 - Éverton Luís Pellizzaro de Lorenzi Cancellier FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC) - Departamento de Administração Empresarial
Reumo
As microfinanças têm desempenhado um papel crucial na inclusão financeira, facilitando o acesso a empréstimos para empreendedores de baixa renda (Morduch, 1999; Robinson, 2001; Yunus, 2006). No entanto, para cumprir sua missão social, essas instituições também precisam garantir sua sustentabilidade financeira, o que envolve desafios operacionais complexos, como a gestão eficiente de recursos e o controle da inadimplência (Yunus et al., 2010; Kabeer, 2006). Nesse contexto, muitas instituições passaram a rever a sua gestão e a procurar formas mais eficientes e eficazes de atuação.
O debate sobre a sustentabilidade financeira das instituições de microfinanças intensifica-se com o aumento da competição com instituições financeiras tradicionais e o envolvimento de investidores privados (Robinson, 2001). Nesse contexto, é crucial entender como as estratégias de gestão estão sendo desenvolvidas e aplicadas para equilibrar os objetivos sociais e econômico-financeiros dessas organizações. Este estudo visa analisar o estado atual das pesquisas sobre gestão estratégica no setor de microfinanças, identificando lacunas e delineando perspectivas futuras para a pesquisa nesta área.
As microfinanças podem ser definidas como um conjunto de serviços financeiros, incluindo a concessão de crédito, a poupança e o seguro, que são ofertados para microempreendedores formais e informais (Dos Santos et al., 2015) e pessoas de baixa renda, que tradicionalmente não possuem acesso ou possuem um acesso restrito às instituições financeiras convencionais. Segundo Parente (2002), as instituições de microfinanças combinam mecanismos de mercado, com o apoio estratégico do Estado, visando assim, a prestação de serviços financeiros adequados e sustentáveis para a população de baixa renda.
A síntese dos estudos selecionados, permitiu a visualização das temáticas mais abordadas a respeito do tema. Identificou-se que artigos empíricos de abordagem quantitativa são predominantes no campo, compondo mais da metade da amostra analisada. Por trabalharem com amostras bem delimitadas, compostas principalmente por países asiáticos, ressalta-se que é preciso cuidado na generalização dos resultados desses estudos, uma vez que muitos fatores sobre as instituições de microfinanças, desde a natureza da governança, status legal, tamanho e regulamentações, não são semelhantes entre os países.
Inseridas em um contexto competitivo, altamente dinâmico, as instituições de microfinanças têm visto a capacidade de responder a sua missão, originalmente social, sendo desafiada. O debate, que agora inclui a busca por resultados e viabilidade financeira, é exposto em todos os artigos analisados, como base para um novo olhar no setor. Percebe-se que o estudo e a adoção de estratégias, aparecem nesse contexto com bastante cautela, apontando para a necessidade de um equilíbrio entre os diferentes objetivos, como forma de garantir a sobrevivência das instituições no longo prazo.
ARAÚJO, E. A.; CARMONA, C. U. D. M. Desenvolvimento de Modelos Credit Scoring com Abordagem de Regressão de Logística para a Gestão da Inadimplência de uma Instituição de Microcrédito. Contabilidade Vista & Revista, v. 18, n. 3, p. 107-131, jul./set. 2007.
AKHTER, P. A Study on the Factors Affecting the Performance of Microfinance Institutions in Bangladesh. Pacific Business Review International, v. 10, n. 11, mai. 2018.
ALVES, S. D. da S.; SOARES, M. M. Microfinanças – democratização do crédito no Brasil: atuação do Banco Central. 3. ed. Brasília: Banco Central do Brasil, 2006.