1 - Gustavo Lopes Consolaro UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM) - Departamento de Administração
2 - Cleiciele Albuquerque Augusto UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM) - Departamento de Administração
Reumo
Um processo de administração estratégico bem conduzido é salutar, principalmente considerando a sua eficácia em setores mais maduros (BARNEY; HESTERLY, 2017), como é o caso do farmacêutico. Nesse contexto, a capacidade de adaptação estratégica dessas organizações vem sendo desafiada por uma nova tendência mundial denominada Environmental, Social and Governance, ou ESG. As práticas de ESG vêm ganhando cada vez mais destaque à medida que empresas e investidores reconhecem a sua importância não apenas para o sucesso financeiro, mas também para o impacto social e ambiental.
Observa-se que, por um lado, as empresas do setor farmacêutico, no seu ambiente de competição acirrada, aplicam processos de administração estratégica já bem estabelecidos, visando melhorar seu desempenho. Por outro lado, questiona-se a influência das práticas de ESG, cada vez mais demandadas, na elaboração ou adaptação de seus processos estratégicos já estabelecidos. Assim, levanta-se a seguinte questão de pesquisa: como empresas da indústria farmacêutica incorporam os princípios de Environmental, Social and Governance em seu processo de administração estratégica?
O termo estratégia na administração está ligado diretamente ao planejamento. De acordo com Porter (2004), a formulação de uma estratégia competitiva envolve a criação de um plano abrangente que delineia a maneira como uma empresa pretende competir, estabelece metas específicas e define as políticas necessárias para alcançar objetivos. Já ESG é uma sigla criada em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins (COMPACT, 2004), que significa Environmental, Social and Governance. Este termo está ligado diretamente ao conceito de sustentabilidade.
Esta pesquisa é um estudo de casos múltiplos, de natureza qualitativa, do tipo descritivo e abordagem teórico-empírica, feito com três grandes empresas do setor farmacêutico brasileiro. A obtenção de dados primários ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com gerentes das empresas alvo da pesquisa, totalizando 3 horas e 40 minutos de entrevistas. Os dados secundários foram obtidos por meio dos sites e dos relatórios disponibilizados pelas organizações estudadas. A interpretação dos dados obtidos foi efetuada através do método de análise de conteúdo (BARDIN, 2011).
A respeito das práticas de ESG adotadas pelas organizações desse setor, essas demonstraram ser robustas e consolidadas. Esta solidez deriva-se principalmente da estrutura de capital aberto dessas empresas, fato que motiva a implementação de projetos variados nessa área. Identificou-se que todo o processo, desde a definição da missão até a implementação das estratégias da empresa, incorpora os princípios de ESG.
Concluiu-se que essas empresas estão efetivamente integrando ESG em suas estratégias, refletindo um olhar para a sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Existe uma evolução positiva no setor farmacêutico, onde as práticas de ESG estão se tornando uma parte integral e estratégica do planejamento e gestão, motivadas tanto por demandas de mercado, como por pressões sociais crescentes por práticas éticas e sustentáveis.
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