1 - JÉSSICA LOWHANNY SOARES MIRANDA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO (UFERSA) - Mossoró
2 - Danielle de Araújo Bispo UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO (UFERSA) - CCSAH
3 - Luciana Holanda Nepomuceno UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO (UFERSA) - DACS
Reumo
Para se adaptar ao contexto pandêmico e ao isolamento social, muitas empresas tiveram que suspender total ou parcialmente suas atividades. O avanço da tecnologia contribuiu para a adoção da modalidade de trabalho chamada home office, na qual os indivíduos exercem suas funções à distância, sem estarem presentes fisicamente nas empresas (Lemos; Barbosa; Monzato, 2020). Quando se acrescenta a questão do gênero, o home office da pandemia toma outra proporção.
Segundo Emidio, Okamoto e Santos (2021, p.39) as mulheres realizavam a maior parte do trabalho de cuidado não remunerado e invisível durante a pandemia. Ambos são fundamentais para a vida cotidiana, mas refletem as desigualdades de gênero. Sendo assim, embora se saiba que os problemas advindos da pandemia atingiram homens e mulheres, supõe-se que a forma como esses atores foram impactados foi diferente. Diante do exposto, o presente estudo busca confrontar as vivências de pais e mães em relação ao home office, às tarefas domésticas e aos cuidados com os filhos durante a pandemia da COVID-19.
O trabalho reprodutivo é responsabilidade de toda a sociedade, porém quando se fala em trabalho reprodutivo, as mulheres sempre estão vinculadas como responsáveis por essa tarefa (Dorna, 2021). Melo e Castilho (2009) também apontam que a sociedade atribui os afazeres domésticos como executados predominantemente pelas mulheres, e às vezes, com o auxílio de pessoas do sexo masculino.
Essa pesquisa é do tipo qualitativa. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada. Dessa forma foram realizadas seis entrevistas no ano de 2023 com três pais e três mães que atuaram em diversos setores e trabalharam no modelo home office durante a pandemia da Covid-19. A técnica empregada para analisar os dados coletados foi à análise interpretativa.
Pode-se perceber que a pandemia e a introdução do home office complexificou ainda mais as responsabilidades parentais, conjugais e profissionais para mulheres que são mães, levantando preocupações sobre como estabelecer uma relação positiva entre trabalho e família quando ambos ocorrem no mesmo local. A presença de crianças em casa intensificou o conflito entre obrigações profissionais e familiares, demandando cuidados adicionais, resultando em um aumento das responsabilidades domésticas e na necessidade de ajustes na dinâmica conjugal e profissional.
Uma das principais conclusões é a persistência da desigualdade de gênero, mostrando que a pandemia acentuou ainda mais problemas sociais pelos quais as mulheres passam. As mulheres continuaram a assumir a maior parte das atividades relacionadas ao cuidado da casa e dos filhos, enquanto os homens muitas vezes se concentram principalmente em suas responsabilidades profissionais.
DUARTE, Janaína Lopes do Nascimento. Trabalho produtivo e improdutivo na atualidade: particularidade do trabalho docente nas federais. Revista. Katálysis, v. 20, n. 2, p. 291-299, 2017.
EMIDIO, Thassia; OKAMOTO, Mary; SANTOS, Manoel. Impacto do isolamento social no cotidiano de mães em home office durante a pandemia de COVID-19. Estudos de Psicologia, v. 26, n. 4, p. 358-369, 2021.
MACEDO, Shirley. Ser mulher trabalhadora e mãe no contexto da pandemia covid-19: tecendo sentidos. Rev. Nufen: Phenom. Interd, v. 12, n. 2, p. 187-204, 2020.