Resumo

Título do Artigo

PRÁTICAS COTIDIANAS E SUSTENTABILIDADE NO MST: UM ESTUDO DE CASO NO ASSENTAMENTO ÍNDIO GALDINO, EM CURITIBANOS/SC
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Palavras Chave

práticas sustentáveis
resistência
movimentos sociais

Área

Gestão Socioambiental

Tema

Sustentabilidade, Sociedade, Tecnologia e Inovação

Autores

Nome
1 - VITOR CARVALHO GOMES
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARANÁ (IFPR) - Umuarama
2 - Josiane Barbosa Gouvêa
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARANÁ (IFPR) - Umuarama
3 - Rocío del Pilar López Cabana
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS) - Chapadão do Sul

Reumo

O MST, fundado nos anos 80 no Brasil, é um movimento chave na América Latina, combatendo a desigualdade fundiária com foco em justiça social e reforma agrária. Promove práticas sustentáveis e agroecológicas, em contraponto ao modelo agroindustrial. Este estudo realizado no Assentamento Índio Galdino, teve como referências Krenak (2020), Shiva (2003), Certeau (2014) e Goffman (2014) para compreender como se dão as práticas cotidianas, destacando dinâmicas sociais e culturais, a partir de um olhar voltado à sustentabilidade.
Abordando a lacuna teórica e empírica existente entre sustentabilidade e cotidiano, o problema de pesquisa deste artigo foi entender: como as práticas e interações cotidianas dos membros do Assentamento Índio Galdino, do MST, em Curitibanos, Santa Catarina, estão relacionadas à sustentabilidade? Desta forma, o objetivo deste estudo foi identificar as imbricações entre cotidiano e sustentabilidade com base nas práticas e interações sociais das pessoas do Assentamento Índio Galdino do MST, localizado em Curitibanos, Santa Catarina.
O conceito de sustentabilidade é frequentemente moldado pelo discurso capitalista, mas abordagens alternativas, como as de Ailton Krenak e Vandana Shiva, oferecem visões mais integradas. Krenak (2020) destaca a interdependência entre humanos e natureza, enquanto Shiva (2003) critica as monoculturas e o lucro acima da biodiversidade e justiça social. Certeau (2014) e Goffman (2014) complementam essas visões, analisando as práticas cotidianas como formas de resistência e adaptação. Nos assentamentos do MST, essas ideias se aplicam ao cotidiano, promovendo sustentabilidade e justiça social.
Utilizamos a metodologia qualitativa, utilizando como instrumentos de coleta de dados a entrevista semiestruturada e a observação participante, com o uso do diário de campo, os quais possibilitaram uma compreensão mais profunda das dinâmicas do assentamento. Para a análise, utilizamos a análise de narrativa, conforme Labov e Waletsky (1967). As entrevistas e anotações revelaram achados significativos, refletindo a realidade social do assentamento. Assim, foram identificadas narrativas comuns que foram analisadas no contexto sociocultural.
Os achados da pesquisa lançam luz sobre questões profundas relacionadas à justiça ambiental, à valorização de conhecimentos tradicionais e à crítica aos modelos convencionais de produção agrícola. As reflexões a partir das narrativas dos membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das análises de autores como Krenak (2020), Certeau (2014), Goffman (2014) e Shiva (2003) contribuem para um entendimento mais amplo das dinâmicas sociais, econômicas e ambientais envolvidas na agricultura familiar e nos movimentos sociais.
Concluímos que o Assentamento Índio Galdino emerge como microcosmo de resistência, no qual as práticas cotidianas de sustentabilidade vão além da agricultura, configurando-se como um ato político de reivindicação de direitos e espaço. Este estudo reitera a necessidade de políticas públicas que reconheçam e apoiem essas práticas, visando uma reforma agrária que incorpore a sustentabilidade como princípio central, e destaca o papel dos movimentos sociais na construção de alternativas ao modelo de desenvolvimento hegemônico.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. as artes do fazer. Petrópolis: Vozes, 2014. GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. 20. ed. Petrópolis: Vozes, 2014. KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. LABOV, William, WALETZKY, Joshua. Narrative Analysis: oral versions of personal experience. In: June Helm. Ed.. Essays on the verbal and visual arts. Seattle: University of Washington Press, 1967. SHIVA, Vandana. Monoculturas da Mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003.