Resumo

Título do Artigo

O QUE NO DIGITAL POUCO SE VÊ, O SERVIDOR SENTE: TECNOESTRESSE, TRABALHO INVISÍVEL E DESENGAJAMENTO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho

Palavras Chave

Tecnoestresse
Trabalho Invisível
Desengajamento

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Bem-Estar e Mal-Estar no Trabalho

Autores

Nome
1 - Renata Branquinho Cardoso da Mota
FGV EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas - Rio de Janeiro
2 - Juliana Mansur
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS (EBAPE) - EBAPE

Reumo

A nova realidade resultante de uma transformação digital acelerada reforça o paradoxo da informação: enquanto permite o acesso crescente a informações, gera sobrecarga de informações e uma complexidade que levam ao tecnoestresse. Relevante no setor público, o fenômeno pode aumentar a percepção de um trabalho invisível,estigmatizado socialmente, e consequente desengajamento do servidor. Suporte do ambiente, como reconhecimento dos pares e da liderança, e do indivíduo, como a autoliderança, podem ser saídas para amenizar os efeitos negativos do desequilibro entre demandas e recursos do trabalho.
Considerando a pergunta "Como o tecnoestresse e a percepção do trabalho invisível impactam o desligamento mental dos servidores públicos?", o objetivo é o de investigar de que maneira o tecnoestresse (TE) influencia a percepção de trabalho invisível (PTI) e de que forma ambos atuam como mecanismos para explicar o desengajamento no trabalho (DT) de servidores na administração pública no Brasil, além de averiguar o efeito moderador da autoliderança (AL) e do reconhecimento dos pares (RP) e da liderança (RL).
Fundamentado na Teoria de Demandas e Recursos de Trabalho (JD-R) e seus efeitos no burnout, o estudo considera o tecnoestresse e a percepção de trabalho invisível como demandas, e a autoliderança e o reconhecimento como recursos que podem mitigar seus efeitos negativos no desengajamento no trabalho, via desligamento mental. Considera-se ainda as bases teóricas de tecnoestress e trabalho invisível como mecanismos efeitos da escassez, e as teorias de suporte social via reconhecimento dos pares e liderança, e da autoliderança com recursos disponíveis.
A pesquisa desenvolvida utilizou uma abordagem quantitativa do tipo Survey. Os dados foram coletados mediante questionário online distribuído aos participantes (n = 657), todos servidores públicos federais concursados. Foram adotadas a subdimensão de burnout (versão validada para o Brasil) para medir o desengajamento no trabalho, a de tecnoestresse (versão reduzida, com sobrecarga e complexidade), a de autoliderança, alguns itens de Engaging Leadership para medir o reconhecimento da liderança, a subdimensão de reconhecimento dos pares e uma escala recém-criada para medir o trabalho invisível.
Os resultados sugerem que o tecnoestresse influencia negativamente a percepção de trabalho invisível, e tal percepção, além de possuir efeito mediador na relação entre o TE e o DT, está positivamente relacionado ao DT. Ainda, que o RP modera a relação entre o tecnoestresse (decorrente da sobrecarga) e a PTI, efeito este não observado no RL. Por sua vez, o RL modera a relação entre o tecnoestresse (decorrente da complexidade) e a PTI, efeito este não observado no RP. Enfim, a autoliderança, diferente do proposto, reforça os efeitos negativos do trabalho invisivel no desengajamento.
Com o objetivo investigar como o tecnoestresse e a percepção de trabalho invisível estão relacionadas com o desengajamento dos servidores públicos, utilizando a Teoria de Demandas e Recursos de Trabalho (JD-R) como base conceitual, o presente trabalho oferece uma compreensão mais aprofundada das dinâmicas que influenciam o ambiente de trabalho no setor público, destacando a importância de abordar os desafios associados desengajamento no trabalho, explicados pelo tecnoestresse e a percepção de trabalho invisível, bem como o papel do reconhecimento social e da autoliderança nessa relação.
Bakker, A. B., Demerouti, E., & Verbeke, W. (2004). Using the job demands-resources model to predict burnout and performance. Human Resource Management, 43(1), 83–104. Dejours, C. (2004). Subjetividade, trabalho e ação. Production, 14, 27–34. Demerouti, E., Bakker, A. B., Nachreiner, F., & Schaufeli, W. B. (2001). The job demands-resources model of burnout. Journal of Applied Psychology, 86(3), 499–512. Schaufeli, W. B., & Bakker, A. B. (2004). Job demands, job resources, and their relationship with burnout and engagement: A multi‐sample study. JOB 25(3), 293–315.