1 - Caroline Xavier Valdivino UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós-graduação em Administração
2 - Maurício de Vasconcelos Moreira UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA)
3 - Thiago Matheus De Paula UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós-graduação em Administração
4 - Felipe Gerhard UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós-Graduação em Administração
Reumo
No contexto da pandemia de COVID-19, os consumidores viram-se diante de um novo cenário para realização das suas compras cotidianas. Na América Latina, as medidas de distanciamento social e os lockdowns aceleraram o crescimento do comércio eletrônico, como o da plataforma Mercado Livre e do uso de canais digitais. Novos hábitos de consumo foram estabelecidos e persistiram, relacionando-se diretamente à aceitação de novas tecnologias. Todavia, ainda são escassos os estudos que analisam a evolução do comportamento de compra online dos consumidores em períodos de restrição.
O estudo é orientado pelo seguinte problema de pesquisa: como a percepção da crise pandêmica influenciou o comportamento de compra dos consumidores na América Latina? Quais variáveis desempenharam papéis significativos na adoção do e-commerce durante esse período sem precedentes? Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa é analisar a relação entre aspectos individuais e estruturais do mercado na adoção do e-commerce no contexto da pandemia de COVID-19 nos países latino-americanos.
Modelos como o TAM explicam a aceitação de novas tecnologias pela facilidade de uso e utilidade percebida (Davis, 1989). A pandemia do COVID-19 levou os consumidores a buscarem alternativas digitais, fazendo com que a crise acelerasse a adoção do e-commerce e pessoas realizassem compras online pela primeira vez (Kirk; Rifkin, 2020). Desse modo, a percepção individual e coletiva da gravidade da pandemia desempenha um papel importante na tomada de decisões de compra e consumo. A digitalização transformou hábitos de consumo e consolidou negócios digitais (Radtke et al., 2021).
Realizou-se um estudo quantitativo transversal com dados secundários da Latinobarômetro (2020) e da Market Potential Index (Global Edge, 2020). A amostra incluiu 13.056 indivíduos com acesso à internet em 18 países latino-americanos. A variável dependente foi a adoção de aplicativos de e-commerce, medida pela soma de aplicativos utilizados. Incluíram-se variáveis de controle como gênero, idade e classe social. Como estratégia de análise dos dados, utilizou-se um modelo de regressão multinível de inclinação fixa com interceptos aleatórios.
A análise dos resultados confirma as hipóteses de que tanto fatores individuais quanto estruturais influenciam a adoção de e-commerce na América Latina durante a pandemia. Esses achados corroboram as teorias existentes sobre a influência da confiança interpessoal e das redes sociais na adoção de novas tecnologias, ao mesmo tempo que destacam a importância das características de mercado e infraestrutura na disseminação do e-commerce.
Os resultados mostram que a confiança interpessoal e o uso de redes sociais são cruciais para a adoção do e-commerce. Ademais, países com melhor infraestrutura comercial e maior capacidade de consumo apresentam maior adesão a ele. Esses achados corroboram e expandem as perspectivas conceituais presentes nos modelos de aceitação tecnológica (TAM) para a área de comportamento do consumidor, indicando que não apenas aspectos individuais ou sociais competem para a adesão tecnológica, mas, igualmente, fatores econômicos.
DAVIS, F. D. Perceived usefulness, perceived ease of use, and user acceptance of information technology. MIS Quarterly, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 319-340, 1989.
KIRK, C. P.; RIFKIN, L. S. I'll trade you diamonds for toilet paper: consumer reacting, coping and adapting behaviors in the COVID-19 pandemic. Journal of Business Research, v. 117, p. 124-131, 2020.
RADTKE, M. L. et al. Efeitos da COVID-19 nos comportamentos de descarte do consumidor e cenários de negócios futuros. RGO. Revista de Gestão Organizacional, v. 14, p. 294, 2021.