Resumo

A sustentabilidade emergiu como imperativo global devido à degradação ambiental, desigualdades sociais e limitações econômicas. Em 2015, a ONU estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para promover um mundo mais justo e sustentável. Nesse contexto, as Instituições de Ensino Superior (IES) despontam como agentes estratégicos. Além de grandes consumidoras de recursos (Pacheco-Blanco; Bastante-Ceca, 2016), as IES influenciam futuras gerações de líderes e profissionais, desenvolvendo uma cultura de sustentabilidade por meio da educação, pesquisas inovadoras e colaborações locais.

A literatura identifica diversas práticas de sustentabilidade nas compras, que abrangem gestão ambiental, condições de trabalho, direitos humanos, saúde e segurança, além do suporte a fornecedores locais (Walker; Brammer, 2009). No entanto, a implementação dessas práticas enfrenta diversos desafios (Islam et al., 2016; McMurray et al., 2014). Diante da crescente relevância das contratações sustentáveis, torna-se evidente a necessidade de investigar a inclusão de critérios de sustentabilidade nas especificações de compra de bens e serviços pelas IES.

A sustentabilidade, que abrange aspectos ambientais, econômicos e sociais, impulsiona o desenvolvimento integrado (Elkington, 1998). Para que as compras públicas sejam sustentáveis, é crucial integrar critérios específicos na aquisição de produtos e serviços. A norma ISO 20400 oferece orientação para a integração de critérios (ISO, 2017). Contudo, a implementação enfrenta desafios como falta de compromisso da alta gestão, baixa conscientização, restrições orçamentárias, resistência à mudança e dificuldade em identificar fontes sustentáveis, além de políticas públicas insuficientes.

O estudo exploratório identificou 23 critérios de sustentabilidade implementados nas especificações de compras de bens e serviços das IES. As categorias "Equipamentos Eficientes em Energia" e "Sustentabilidade nos Produtos e Materiais Adquiridos" representam 47,81% dos critérios identificados. A eficiência energética e a escolha de produtos sustentáveis foram destacadas como iniciativas estratégicas, refletindo a priorização da redução de custos operacionais e impactos ambientais.

Embora haja um compromisso maior com iniciativas econômicas e ambientais, também foram identificadas iniciativas sociais. No entanto, diversas barreiras como restrições orçamentárias, resistência institucional e falta de vontade política impedem a implementação efetiva dessas práticas. Para superar tais desafios e promover iniciativas de sustentabilidade nas compras públicas, é crucial capacitar os gestores e fomentar uma cultura de sustentabilidade por meio de campanhas internas.

PACHECO-BLANCO, Bélgica; BASTANTE-CECA, María José. Green public procurement as an initiative for sustainable consumption. An exploratory study of Spanish public universities. Journal of cleaner production, v. 133, p. 648-656, 2016. WALKER, Helen; BRAMMER, Stephen. Sustainable procurement in the United Kingdom public sector. Supply Chain Management: An International Journal, v. 14, n. 2, p. 128-137, 2009. Não foi possível inserir mais referências.