Resumo

Diante dos altos níveis de empreendedorismo no Brasil, constatados pelo Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, e da baixa taxa de sobrevivência das empresas ao longo dos anos, torna-se necessário investigar a alfabetização financeira desse público. Essa variável é crucial para entender o sucesso dessas empresas e sua capacidade de se manter diante de crises, como a do COVID-19. Logo, identificar as áreas onde os empreendedores precisam de maior suporte e treinamento permite o desenvolvimento de políticas eficazes para promover a estabilidade econômica.

Este estudo teve como objetivo analisar o nível de alfabetização financeira dos micro, pequenos e médios empresários do município de Palhoça, bem como a relação dessa alfabetização com os impactos sofridos pela pandemia da COVID-19. Para isso, a pesquisa busca avaliar o nível de conhecimento, atitude e comportamento financeiros desses empresários, caracterizar os negócios e o perfil socioeconômico dos entrevistados, além de investigar como a alfabetização financeira influenciou a resiliência das empresas durante a pandemia.

A OECD (2013) define a alfabetização financeira como uma combinação de conhecimento, atitude e comportamento financeiro, componentes cruciais para alcançar o bem-estar financeiro. Atkinson (2017) afirma que um alto nível de alfabetização financeira capacita os empreendedores a reconhecer e avaliar diferentes fontes de financiamento, melhorando a estrutura financeira de suas empresas. Além disso, aprimora a gestão de dívidas, permitindo que o modelo de negócios esteja em sintonia com os objetivos dos próprios empreendedores ou de seus investidores.

Como instrumento de pesquisa foi utilizada uma adaptação do questionário da OECD (2020b), obtendo respostas válidas de 50 empreendedores do município de Palhoça em Santa Catarina. A coleta dos dados se deu por meio do Google Forms. Para a análise dos dados, foram utilizados testes de diferença de média e análise de variância.

Identificou-se os níveis médios de 63,60%, 50,67%, 68,22% e 63,76%, para conhecimento, atitude, comportamento e alfabetização financeira, respectivamente. Além disso, a COVID-19 gerou dificuldades financeiras para a maioria dos entrevistados, que adotaram estratégias mitigadoras como a redução dos custos operacionais e dos pró-labores. Observou-se que os respondentes com níveis mais elevados de alfabetização financeira experimentaram um impacto menor da pandemia em suas atividades, especialmente no que diz respeito às dívidas e à insuficiência de caixa, resultados que foram significativos.

Dessa forma, a importância da alfabetização financeira para empreendedores reside em sua capacidade de melhorar a gestão financeira e a resiliência das empresas. Empreendedores financeiramente alfabetizados são mais aptos a identificar e avaliar diferentes fontes de financiamento, otimizando a estrutura financeira da empresa. Durante períodos de instabilidade econômica, como crises financeiras ou pandemias, foi notado que essa habilidade se torna um diferencial crucial, reduzindo o risco de falência e contribuindo para a sustentabilidade e o crescimento do negócio.

ANSHIKA, Arya; SINGLA, Anju. Financial literacy of entrepreneurs: a systematic review. Managerial Finance, v. 48, n. 9/10, p. 1352-1371, 2022. KURNIASIH, Retno; WULANDARI, Siti Zulaikha; LUHITA, Tiladela. Financial Literation and Its Effect on the Performance and Sustainability of Micro Small and Medium Enterprises in Banyumas. Jurnal Akuntansi, Manajemen Dan Ekonomi, v. 22, n. 2, p. 20-27, 2020. OECD/INFE Survey Instrument to Measure the Financial Literacy of MSMEs. OECD, 2020b. OECD/INFE 2020 International Survey of Adult Financial Literacy. OECD, 2020a.