Resumo

Título do Artigo

Iscas simbólicas, presas reais: análise das dinâmicas de manipulação em câmaras de eco antivacina
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Palavras Chave

Desinformação
Câmara de Eco
Teoria da Dádiva

Área

Marketing

Tema

Marketing e Sociedade

Autores

Nome
1 - Bruna Scoralick Queiroz
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) - São Paulo
2 - Suzane Strehlau
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) - São Paulo

Reumo

A internet e redes sociais transformaram o consumo de notícias, ampliando o acesso e democratizando a comunicação. Mensagens antes exclusivas de rádio e TV agora são disseminadas digitalmente por diversas lideranças, permitindo interações diretas dos receptores. Porém, isso também facilitou a propagação de desinformação, exacerbando a polarização e violência. Grupos fechados, conhecidos como câmaras de eco, reforçam crenças usando a desinformação, desacreditando informações externas e ampliando o viés de confirmação (Wardle & Derakhshan, 2017; Baumgaertner, 2014; Nguyen, 2018; Rietdijk, 2021).
Para contribuir para essa discussão, este estudo visa investigar como as iscas simbólicas alimentam as câmaras de eco e influenciam na construção da confiança em relação às crenças e argumentações dentro de grupos específicos. Compreender essas distorções revela que essas câmaras são alimentadas por conteúdos simbólicos planejados por indivíduos com interesse e intenção de manipular o grupo.
A hesitação vacinal é uma preocupação das autoridades da saúde e a desinformação contribui para seu aumento. As câmaras de eco, amplificadoras de desinformação intensificam a polarização ao fortalecer crenças internas e desacreditar informações externas (Wardle & Derakhshan, 2017). Esses espaços manipulados por agentes mal-intencionados funcionam como comunidades que refletem a dinâmica da teoria da dádiva, onde gestos simbólicos podem tanto fortalecer laços sociais quanto reforçar hierarquias e exercer poder, como exemplificado pelo potlatch nas tribos do noroeste americano (Mauss, 2003).
A hesitação vacinal é uma preocupação das autoridades da saúde e a desinformação contribui para seu aumento. As câmaras de eco, amplificadoras de desinformação intensificam a polarização ao fortalecer crenças internas e desacreditar informações externas (Wardle & Derakhshan, 2017). Esses espaços manipulados por agentes mal-intencionados funcionam como comunidades que refletem a dinâmica da teoria da dádiva, onde gestos simbólicos podem tanto fortalecer laços sociais quanto reforçar hierarquias e exercer poder, como exemplificado pelo potlatch nas tribos do noroeste americano (Mauss, 2003).
Os resultados identificaram cinco iscas simbólicas incorporadas nas mensagens publicadas pelos responsáveis pelo grupo com intuito de convencer e manipular o público. São controvérsias políticas, debates religiosos, desconfiança da indústria, desconfiança da mídia e preocupações com o controle populacional. Essas iscas contribuem para criar uma realidade paralela, em que as informações são valorizadas como a única verdade, promovendo um senso de exclusividade e autoridade. Essa dinâmica protege os membros do grupo de influências externas, aumentando a radicalização e a violência online.
As descobertas do presente estudo contribuem para a discussão teórica sobre desinformação, destacando o papel essencial do simbolismo no processo de troca de informações. A construção de confiança dentro do grupo, sustentada pelas iscas simbólicas, é tão robusta que pode superar argumentações racionais, dificultando a intervenção por meio de verificadores de fatos e explicações científicas. O aspecto simbólico é importante, pois essas comunidades fechadas online formam grupos sociais cujas estruturas e hierarquias são moldadas por suas crenças.
Di Domenico, G., Nunan, D., & Pitardi, V. (2022). Marketplaces of Misinformation: A Study of How Vaccine Misinformation Is Legitimized on Social Media. Journal of Public Policy & Marketing, 41(4), 319–335. Diaz Ruiz, C., & Nilsson, T. (2022). Disinformation & Echo Chambers: How Disinformation Circulates on Social Media Through Identity-Driven Controversies. Journal of Public Policy & Marketing Mauss, M. (2003). Ensaio sobre a Dádiva. Em SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA, p. 186–294. Ubu Ed. Nguyen, C. T. (2018). Echo Chambers and Epistemic Bubbles. Episteme 17(2), p. 141–161. Cambridge University Pre