1 - Keyterine Milena Cunha de Mascena-Barros PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA UECE - Campus do Itaperi
2 - Carlos Cesar de Oliveira Lacerda UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - PPGA
Reumo
A autoetnografia utilizada em diferentes áreas do conhecimento, embora escassa na seara da administração em estudos brasileiros, se apresenta como uma variação da etnografia, possibilitando o reconhecimento do lugar de fala, da subjetividade e das emoções do pesquisador, unindo características de pesquisas narrativas, autobiografias e pesquisas artísticas em diferentes contextos (Cooper; Lilyea, 2022). Na autoetnografia, o pesquisador se utiliza de princípios de autobiografia e de etnografia, fazendo do método o processo e o produto simultaneamente (Ellis, 2004; Ellis, Adams, Bochner, 2010).
Nosso objetivo neste trabalho foi traçar um panorama sobre o uso da autoetnografia, enquanto método de pesquisa, no campo da Administração. Foi realizado um estudo bibliométrico da literatura internacional pertinente utilizando a base de dados da Web of Science (WoS). Na área das ciências sociais aplicadas, a bibliometria tem o objetivo de traçar um panorama de estudos com foco em analisar a produção de artigos, mapeando as instituições e identificando os principais pesquisadores em um determinado campo do saber (Chueke; Amatucci, 2016; Favaretto; Francisco, 2017).
Araújo e Davel (2023) afirmam que a autoetnografia não estuda apenas o pesquisador, mas o fenômeno cultural por ele representado, construindo um conhecimento que pode ser melhor acessado por suas vivências e que também atenda a uma esfera maior da sociedade. Conforme os autores, o pesquisador se torna ferramenta para a construção do conhecimento coletivo, considerando que ele tem acesso natural e é um participante ativo do contexto em estudo. Segundo Chang (2008), o pesquisador é uma unidade da cultura e pode ser um ponto de partida para a aquisição e transmissão cultural.
A coleta das informações utilizadas nesta pesquisa foi feita por meio de um mapeamento da literatura internacional na base de dados da Web of Science (WoS). A partir da amostra foram analisadas as principais categorias, a produção anual, os periódicos e os autores mais prolíferos, as referências mais citadas e a nuvem das palavras-chave mais frequentes. Observou-se também a variedade dos temas investigados e dos itinerários metodológicos utilizados nos artigos publicados nos periódicos de maior impacto conforme classificação da lista ABS.
A literatura internacional que foi identificada na presente pesquisa bibliométrica, sugere que o método da autoetnografia é condizente a novos conceitos e associações em diversas abordagens e objetos de análise no contexto das organizações. No entanto, ainda existem limitações e desafios mais significativos na compreensão sobre os processos operacionais do método, abrindo uma lacuna considerável para discussão nas práticas das pesquisas brasileiras.
ADAMS, T.; BOCHNER, A.; ELLIS, C. Autoethnography: an overview. Historical Social Research, v. 36, p. 273-290, 2011.
ARAUJO, B. C.; DAVEL, E. P. B. Autoetnografia na pesquisa em administração: desafios e potencialidades. Revista de Administração IMED, v. 13, n. 1, p. 70-91, 2023.
ARIA, M.; CUCCURULLO, C. Bibliometrix: An R-tool for comprehensive science mapping analysis. Journal of Informetrics, v. 11, n. 4, p. 959-975, 2017.
COOPER, R.; LILYEA, B. I’m interested in autoethnography, but how do I do it. The qualitative report, v. 27, n. 1, p. 197-208, 2022.