Resumo

Título do Artigo

COOPERATIVAS DE PLATAFORMA E OS ENTREGADORES POR BICICLETA: uma economia de entrega alternativa viável?
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Palavras Chave

Cooperativa de plataforma
Entregadores por bicicleta
Precarização da renda

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Organizações Alternativas

Autores

Nome
1 - Ana Caroline Ramos Rocha
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Campus Recife
2 - Débora Coutinho Paschoal Dourado
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - centro de ciencias sociais aplicadas

Reumo

O trabalho por aplicativo evidencia a ênfase de uma economia centrada nos serviços decorrente do declínio da atividade nas indústrias, ou seja, a indústria dos serviços (Machado, 2019). Atraídos pelas facilidades da tecnologia digital, os trabalhadores são movidos a se colocarem disponíveis on line por meio dos aplicativos, a fim de enfrentarem o desemprego e obterem maiores valores sob a ideia de uma “autonomia financeira” e do tornar-se “empreendedor de si” (Antunes, 2020).
A criação de cooperativas de plataforma mostra-se como uma alternativa de organização de trabalho digital . Neste trabalho, parte-se do seguinte problema de pesquisa: Como as condições de trabalho e de renda são mobilizadas para criar uma economia de entrega sustentável na cooperativa? Assim, tem-se como objetivo analisar as condições de trabalho e renda na economia de entrega que podem conduzir a sustentabilidade através da percepção dos entregadores ciclistas de uma cooperativa de entrega.
As cooperativas de plataforma são organizações sociais atuantes na economia digital como formas alternativas de organização do trabalho e de resistência à hegemonia do modelo das plataformas digitais (Scholz, 2016). O trabalho dos entregadores ciclistas em cooperativas de plataforma revela-se como uma forma alternativa de obter uma renda estável (Charles et al., 2020). A organização coletiva do trabalho impede que as responsabilidades sejam individualizadas, assim, há o compartilhamento do benefício financeiro entre todos sem distinções de recebimento de valor .
O estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa qualitativa básica (Merriam, 2009). A coleta de dados foi realizada a partir da autorização do projeto de pesquisa com o roteiro de entrevista, por meio do Parecer do Comitê de Ética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), CAAE nº 76658823.5.0000.5208. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: a) observação participante; b) entrevistas abertas
A atividade de entrega por bicicleta na cooperativa apresenta 2 (dois) fatores de caracterização. O primeiro diz respeito à autogestão dos entregadores ciclistas para planejar, organizar e controlar o trabalho e a renda de modo alternativo às plataformas digitais. A segunda caracterização é a sustentabilidade na produção do serviço de entrega. O fluxo de produção (atividade de entrega) caracteriza-se pela participação de cada entregador na escolha do percurso adequado para realizar a entrega ao cliente, na escolha de um instrumento de trabalho (bicicleta) que reduz os impactos ambientais.
Neste artigo, evidencia-se, por meio dos depoimentos que fundamentaram este estudo, a dimensão da autonomia do trabalho que decorre do processo de autogestão em cooperativas de plataforma, conforme as ideias de Scholz (2016). Os cooperados podem decidir coletivamente como a atividade de entrega será realizada, nesse ponto, a autogestão experimentada propicia uma ressignificação da propriedade como discutido por Oliveira e Reis (2023), de modo que cada entregador exerce a participação crítica nas ações de planejar e controlar o trabalho; trata- se de uma propriedade adquirida pela participação
Machado, L. (2019, maio). Dormir na rua e pedalar 12 horas por dia: a rotina dos entregadores de aplicativos. BBC News Brasil, São Paulo, SP. Recuperado de https://www.bbc.com/portuguese/brasil- 48304340 Merriam, S. B. (2009). Qualitative research: a guide to design and implementation. San Francisco, CA, EUA: Jossey-Bass. Oliveira, T. C., & Reis, C. S. (2023, maio- agosto). Coletivos de entregadores como campo de resistência à precarização do trabalho mediado por plataformas digitais no contexto urbano brasileiro. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais (RBEO), Curitiba, PR, 10(2), 399-