Resumo

Educação financeira envolve o processo de aquisição de conhecimentos dos indivíduos em relação às finanças. Iniciativas em prol da educação financeira formal, tiveram início no final dos anos 2000, não somente no Brasil, mas também em outros países como EUA e Reino Unido, todavia, desenvolveu-se de forma mais lenta no Brasil, em relação aos demais países (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007). No contexto brasileiro, nos últimos anos, ocorreu um avanço em relação ao ensino da educação financeira na educação básica, a partir de sua normatização na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018).

Neste contexto, o estado do Paraná, se destacou nacionalmente, pois a partir do ano de 2021, inseriu a disciplina educação financeira como disciplina obrigatória na grade curricular do ensino médio (PARANÁ, 2022d). Assim, este estudo tem como problema de pesquisa: De que forma ocorreu a implantação da política de curricularização da disciplina de educação financeira no ensino médio público do Estado do Paraná? Enquanto o objetivo geral visa compreender a implantação da política de curricularização da disciplina de educação financeira no ensino médio público do Estado do Paraná.

A educação financeira passou a estar presente em agendas educacionais de vários países nas últimas décadas. No Brasil, as primeiras iniciativas de ações para a implementação da educação financeira no currículo escolar ocorreram a partir do ano de 2007 (CUNHA, 2020). Dessa forma, a BNCC (BRASIL, 2018b) deu maior possibilidade da curricularização da educação financeira no ensino médio, em sistemas e em redes de ensino, além de que as matrizes curriculares dessa etapa da formação escolar passaram a ter mais flexibilidade para ofertar a disciplina aos alunos nas escolas (BRASIL, 2018b).

Esta pesquisa foi desenvolvida a partir da abordagem qualitativa, em relação ao caráter do estudo, este configura-se como exploratório. No que tange o método, pautou-se na pesquisa narrativa. A coleta de dados ocorreu através de quinze entrevistas, sendo quatro com os docentes de educação financeira da escola e onze com alunos. Assim como via documentos concedidos pela secretaria do estado do Paraná. A análise dos dados se deu pela técnica análise de conteúdo. O estudo está respaldado por dois comitês de ética.

Dentre os principais resultados cita-se as falhas identificadas na implantação da disciplina, sendo que ela simplesmente foi implantada, sem ampla discussão e sem o preparo efetivo dos docentes a ministrarem, além dos conteúdos de certa forma virem prontos e “engessados”. Na percepção dos alunos, além da disciplina contemplar pequena carga horária, comentam que os assuntos poderiam ser melhor abordados, além de aproximar mais da realidade dos estudantes, visto que é um conhecimento importante para a vida.

Além da falta de diálogo, os professores não foram adequadamente capacitados para ministrar a disciplina, pois a capacitação oferecida pela SEED, disponibiliza vagas limitadas. Desse modo, acabaram por buscar conhecimentos anteriores, ou ainda, foram atrás de materiais por conta própria para buscar suporte para suas aulas. Assim, para a implantação de uma nova disciplina, o apoio de especialistas para a mudança do currículo e a instrução a respeito do diálogo com a comunidade escolar são ações significativas.

ATKINSON, A.; MESSY, F.A. Measuring financial literacy: Results of the oecd/International network on financial education (INFE) pilot study. OECD Working Papers on Finance, Insurance and Private Pensions, n. 15, 2012. Disponível em: GIORDANO, C. C.; ASSIS, M. R. S.; COUTINHO, C. Q. S. A Educação Financeira e a Base Nacional Comum Curricular. Revista de Educação Matemática e Tecnológica Iberoamericana, v. 10, n. 10, 2019. VIEIRA, K. M. et al. Aprendendo finanças de um jeito fácil e divertido: uma experiência com estudantes de escolas públicas. RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educa