Redes de Empreendedores, Desenvolvimento Regional e Microempreendedorismo
Autores
Nome
1 - Ana Carolina Oliveira Rodrigues Costa Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Adminsitração
2 - Silvia Pereira de Castro Casa Nova UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia Administração e Contabilidade
3 - Ruth Alejandra Patiño Jacinto UNIVERSIDAD NACIONAL DE COLOMBIA - Escuela de Administración de Empresas y Contaduría Pública
Reumo
O empreendedorismo feminino tem crescido globalmente, atraindo interesse acadêmico e prático. No Brasil, mulheres representam 48% dos donos de negócios (Sebrae, 2021). Globalmente, elas são duas de cada cinco empreendedoras iniciais (GEM, 2022). Avery (1953) vê a contabilidade como a linguagem universal dos negócios, crucial para a sustentabilidade financeira das empresas lideradas por mulheres. Contudo, há disparidade financeira entre gêneros (GEM, 2022), e estereótipos masculinos dificultam o acesso a financiamento (World Economic Forum, 2023).
Este estudo busca identificar e analisar fatores que influenciam o acesso a crédito por mulheres empreendedoras, destacando como preconceitos de gênero, exclusão financeira e práticas contábeis inadequadas perpetuam desigualdades, visando propor estratégias para melhorar o acesso e inclusão financeira das mulheres. Nesse sentido propomos a seguinte pergunta de investigação: "De que maneira as barreiras enfrentadas por mulheres empreendedoras no acesso a crédito se manifestam?"
A contabilidade é vista como a "linguagem universal dos negócios" (Avery, 1953), mas sua suposta universalidade é questionada quando consideramos pequenas empresas lideradas por mulheres. A teoria da interseccionalidade (Crenshaw, 1991; Gonzalez, 2020; Collins, 2020; Akotirene 2019) e os circuitos econômicos de Milton Santos (2008) são fundamentais para entender como múltiplas identidades sociais exacerbam barreiras no acesso ao crédito, especialmente em economias chamadas emergentes, destacando a necessidade de uma abordagem crítica e inclusiva.
O estudo é uma Revisão Sistemática de Literatura (SLR), analisando 36 artigos e 822 trechos codificados. As bases de dados foram: Web of Science, Scopus e Scielo foram exploradas usando palavras-chave relacionadas ao empreendedorismo feminino, contabilidade e acesso ao crédito. A análise foi qualitativa, com auxílio dos softwares StArt e MaxQDA, para identificar como as práticas contábeis influenciam o acesso ao crédito de mulheres empreendedoras.
A análise identificou quatro temas principais: exectativas de financiamento e barreiras; fontes de financiamento e comportamento de poupança; fatores influenciadores no acesso ao crédito, e impacto das políticas públicas. As barreiras enfrentadas por mulheres incluem preconceitos de gênero, dependência de redes informais, políticas públicas inadequadas e exclusão dos serviços financeiros formais, perpetuando desigualdades e limitando o crescimento das empreendedoras.
As barreiras enfrentadas por mulheres empreendedoras no acesso ao crédito manifestam-se de forma interseccional, influenciadas por preconceitos de gênero e culturais, perpetuando desigualdades. A contabilidade, como linguagem dos negócios, deve ser revisitada para incluir uma abordagem interseccional e contextualizada. Políticas públicas e programas de capacitação que reconheçam e respondam às necessidades específicas das mulheres são essenciais para promover um ecossistema financeiro inclusivo.
Akotirene, C. (2019). Interseccionalidade (D. Ribeiro, Org.). Sueli Carneiro.
Avery, H. G. (1953). Accounting as a Language. The Accounting Review, 28(1), 83–87.
Collins, P.H. (2000). Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness, and the Politics of Empowerment. Routledge.
Crenshaw, K. ([s.d.]). Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence Against Women of Color. STANFORD LAW REVIEW, 43, 61.
Gonzalez, L. (2020). Por um feminismo afro-latino-americano. Companhia das Letras.
Santos, M. (2008). O espaço dividido.