Resumo

As Social Enterprises (SEs) são organizações híbridas que combinam objetivos sociais e financeiros. Seus modelos de negócio preenchem lacunas de mercado não atendidas por companhias tradicionais, uma vez que buscam gerar simultaneamente impacto social positivo e retorno financeiro, em vez de apenas um destes propósitos. Este estudo visa identificar as barreiras enfrentadas pelas SEs na obtenção de recursos financeiros. Foram analisados 98 artigos em revistas com alto fator de impacto para compreender as 15 principais barreiras enfrentadas por empreendedores sociais em busca de financiamento.

Compreender os mecanismos de mercado e identificar problemas de operação é desafiador para muitos empreendedores sociais. Entretanto, existem poucas pesquisas sobre as barreiras enfrentadas por esses agentes de mudança na busca por recursos financeiros e expansão de negócios. A literatura nessa área é recente e pesquisas foram distribuídas em outras questões nos últimos 15 anos. Sendo assim, no intuito de aproximar os estudos sobre SEs da realidade do mercado, este artigo busca responder à pergunta: "Quais são as principais barreiras enfrentadas pelas SEs na obtenção de recursos financeiros?".

Empreendedores sociais enfrentam desafios ao equilibrar missões sociais e crescimento financeiro. Até aqui, as investigações acadêmicas buscaram caracterizar SEs em continuums organizacionais, seus segmentos operacionais e ODS da ONU atendidas por essas organizações. Contudo, há uma lacuna de pesquisa na compreensão das barreiras enfrentadas por SEs no acesso a financiamentos e recursos para expansão de seus negócios. Apesar de pesquisas abordarem a temática, poucas apurações científicas se propuseram a agrupar o conjunto de problemáticas vistas nos mais diversos segmentos de atuação de SEs.

A partir da RSL realizada, foi construído um framework das 15 principais barreiras enfrentadas por empreendedores sociais com potencial de afetarem diretamente a busca por financiamento ou recursos financeiros em SEs. sendo as mais citadas (i) desafios de legitimidade quanto a natureza híbrida, com 27 menções (22,95% dos 85 artigos), (ii) desalinhamento na mensuração do impacto social e do retorno financeiro entre diferentes stakeholders e empreendedores sociais, com 22 menções (18,7%) e (iii) dificuldade de SEs acessarem o mercado financeiro tradicional com 21 resultados (17,85%).

As barreiras coletivamente destacam uma necessidade crítica de estratégias inovadoras que alinhem melhor os objetivos sociais com as métricas financeiras em SEs, promovendo assim uma integração mais eficaz destas organizações no sistema de mercado tradicional. Sendo assim, conclui-se que a natureza híbrida das SEs, que combina objetivos sociais e financeiros, apresenta tensões únicas que dificultam a atração de investidores e a sustentabilidade a longo prazo. Sendo assim, empreendedores sociais podem utilizar desta lacuna de mercado como forma de propor retornos híbridos para investidores.

AKTER et al., 2020; LIM; LEE; SEO, 2020; PACUT, 2020; BLOCK; HIRSCHMANN; FISCH, 2021; CIAMBOTTI; PEDRINI, 2021; PHILLIPS; JOHNSON, 2021; GIGAURI et al., 2022; MAGOMEDOVA; BASTIDA-VIALCANET, 2022; WHITE ET AL., 2022; ABEDIN et al, 2023; ALI; BALTA; PAPADOPOULOS, 2023; CALDERINI; FIA; GERLI, 2023; JI; KONRATH, 2023; AUWERA; D’ESPALLIER; MERSLAND, 2024; GOPAKUMAR; GUPTA, 2024;