Mercado de trabalho do turismo
Gênero
Diferenças salariais
Área
Turismo e Hospitalidade
Tema
Planejamento e Gestão em Turismo
Autores
Nome
1 - Ana Cristina Rempel de Oliveira ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES - EACH - USP - PPGTUR
2 - Glauber Eduardo de Oliveira Santos UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH)
3 - Verônica Feder Mayer UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) - Faculdade de Turismo e Hotelaria
Reumo
O turismo é crucial para a economia global. Em 2019, contribuiu com US$ 3,5 trilhões ao PIB mundial. Em 2023, gerou 348 milhões de empregos, podendo chegar a 449 milhões em 2034, representando 11% dos postos de trabalho no mundo. O Brasil, quinto em geração de empregos no turismo em 2023, criou mais de 7 milhões de postos. No entanto, o setor enfrenta disparidades salariais, especialmente de gênero, com mulheres recebendo até 24,5% menos que homens.
Diante disso, o problema da pesquisa é: Existem diferenças salariais por gênero no setor turístico do Brasil? Este estudo tem como objetivo analisar as diferenças salariais por gênero no setor turístico do Brasil em 2023, utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC).
O desempenho no mercado de trabalho afeta classe social e padrões de consumo. Três teorias explicam o mercado de trabalho: Capital Humano (TCH), Segmentação (TS) e Discriminação Estatística (DE). A TCH propõe que investimentos em educação aumentam produtividade e ganhos. A TS divide o mercado em segmentos primário e secundário. A DE mostra como preconceitos influenciam contratações e remunerações. No setor turístico, essas teorias revelam disparidades salariais significativas, com mulheres frequentemente ganhando menos que homens, mesmo com qualificações semelhantes.
A metodologia empregada foi quantitativa, com uma abordagem descritiva para mapear as tendências e variações de salários entre homens e mulheres no setor turístico. Os dados foram extraídos da PNADC, que fornece um panorama detalhado das características sociodemográficas e ocupacionais dos trabalhadores brasileiros, permitindo uma análise rigorosa e representativa das variáveis estudadas. Mais de 27 mil observações compõe a amostra.
Os resultados indicam que as mulheres enfrentam significativas disparidades salariais em diversos setores no Brasil. No Centro-Oeste, as desvantagens no transporte aquaviário e aéreo chegam a -R$2.136 e -R$1.831, respectivamente. Situação semelhante ocorre no Sudeste e Sul, exceto em nichos como atividades culturais e aluguel de automóveis. Mulheres pretas, pardas ou indígenas enfrentam desvantagens salariais em quase todos os setores, exceto no transporte aéreo. No entanto, existem áreas onde as disparidades salariais entre gêneros são menores ou as mulheres recebem remunerações maiores.
Os achados reforçam a necessidade de políticas eficazes que promovam a equidade de gênero e melhoram as condições de trabalho, alinhando-se com a literatura existente e fornecendo conhecimento para a formulação de estratégias direcionadas a mitigar as desigualdades no setor. Além disso, as descobertas destacam a urgência de investigações futuras que abordem as causas profundas dessas disparidades em diferentes contextos e setores, para melhor informar as políticas públicas e práticas de gestão no turismo.
BORJAS, George J. Economia do Trabalho. 5 ed ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
GUIMARÃES, Carla Regina Ferreira Freire; SILVA, Joaquim Ramos. Pay gap by gender in the tourism industry of Brazil. Tourism Management, [S. l.], v. 52, n. January, p. 440–450, 2016.
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