Resumo

Diversos aspectos da vida em sociedade sofreram alterações com o ambiente criado pela pandemia de COVID-19. Uma das mais relevantes foi a transferência do ensino presencial para aulas no formato remoto, ação esta que não foi acompanhada por condizente reflexão acerca de como isso reflete no aprendizado por parte dos estudantes. Tais estratégias foram tratadas como protótipos (Moreira; Schlemmer, 2020), sendo necessários estudos de análise que localizem essas mudanças de uma maneira ampla, identificando seus antecedentes e consequências de longo prazo (Williamson; Eynon; Potter, 2020).

A partir do potencial de análise aventado por Williamson, Eynon e Potter (2020), Moreira e Schlemmer (2020) e Arruda (2020), no contexto de atipicidade situacional tido com a emergência da COVID-19, propõe-se a seguinte questão para nortear a pesquisa: qual a percepção dos alunos de pós-graduação stricto sensu em Administração em relação a sua aprendizagem durante o distanciamento social? Assim, este estudo busca avaliar a percepção de aprendizagem dos alunos da área de Administração durante o distanciamento social em relação aos alunos das demais áreas de conhecimento.

É na pós-graduação em que a característica de o aluno buscar seu próprio caminho para o aprendizado se torna mais acentuada (Silva; Silva; Coelho, 2019). De acordo com Bonini-Rocha et al. (2014), a aprendizagem e a percepção de aprendizagem são aspectos do processo de ensino-aprendizagem inter-relacionados e que se autoinfluenciam. Neste estudo, a percepção de aprendizagem é utilizada como variável indicadora da opinião dos estudantes quanto a situação consequente tida a partir do processo de ensino-aprendizagem vivido.

A pesquisa adotou uma abordagem quantitativa de cunho descritivo, tendo sido realizada através de um levantamento com 734 estudantes de pós-graduação stricto sensu de diferentes programas de pós-graduação, durante fevereiro de 2021. Foi utilizada a técnica de análise da variância (ANOVA) para verificar a similaridade quanto a percepção de aprendizagem durante o distanciamento social dos estudantes de pós-graduação de áreas de conhecimento distintas.

Identificou-se que, de uma maneira geral, os pós-graduandos apresentaram uma autopercepção de aprendizagem durante esse período que pode ser considerada como razoável, com uma nota 7,0 na média e tendo quase 70% dos casos situados entre as notas 7 a 10. Por meio da análise da variância de um fator, identificou-se que a percepção de aprendizagem dos alunos da área de Administração difere significativamente dos estudantes das áreas de conhecimento Ensino e Medicina. Tendo, inclusive, apresentado também a menor percepção de aprendizagem e a maior dispersão de dados entre os três grupos.

As diferenças encontradas entre as áreas de conhecimento apontam que podem existir elementos presentes em determinada área que facilitou mais facilmente a adaptação de seus alunos às atividades remotas de ensino durante o distanciamento social. Identificar e explorar dimensões dos ambientes de aprendizagem que sejam específicos de cada área de conhecimento podem servir como ponto de partida para uma análise mais aprofundada desses elementos por parte dos gestores atuantes na pós-graduação stricto sensu.

ARRUDA, E. P. Educação remota emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira em tempos de Covid-19. EmRede - Revista de Educação a Distância, v. 7, n. 1, p. 257–275, 2020. MOREIRA, J. A.; SCHLEMMER, E. Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG, v. 20, n. 26, p. 01–35, 2020. WILLIAMSON, B.; EYNON, R.; POTTER, J. Pandemic politics, pedagogies and practices: digital technologies and distance education during the coronavirus emergency. Learning, Media and Technology, v. 45, n. 2, p. 107–114, 2020.