Resumo

A Economia Circular é considerada como novo modelo de desenvolvimento econômico ao promover o máximo do reaproveitamento e reciclagem de materiais, diminuindo a geração de resíduos e, mantendo: produtos, componentes, materiais e energia em circulação por um longo período. Envolve mudanças estruturais nos modelos de negócios tradicionais e comportamentais em se tratar dos agentes consumidores dos produtos reciclados. Além do que, promove eliminação do desperdício e poluição em todo o ciclo de vida dos materiais, desde a extração do meio ambiente até a transformação industrial.

Percebe-se que, no Brasil a reciclagem de produtos PET vem aumentando, porém ainda há um hiato entre o consumo e a demanda por embalagens PET. Perscrutou-se nesta pesquisa que a redução de resíduos sob um cenário projetivo aos propósitos ecológicos atuais no Brasil de reduzir a poluição ambiental precisa ser melhor entendida. Assim, quais os fatores determinantes da aceitação dos produtos PET reciclados pelos consumidores brasileiros? Como propósito, este trabalho objetiva compreender a intenção de compra de produtos PET reciclados pelos consumidores brasileiros.

A base teórica partiu das considerações de Calvo-Porral e Lévy-Mangin (2020) acerca do modelo proposto, e de Luu e Baker (2021), quanto ao consumo verde envolvendo garrafas PET, associado à redução de resíduos. O Brasil é um dos maiores consumidores de garrafas PET (PICINELLI et al., 2021). Estudos empíricos, afirmam que as intenções de compra não necessariamente se traduzem em compra real, embora há um número crescente de consumidores com atitudes positivas em relação aos produtos sustentáveis, eles geralmente acabam não comprando esses produtos (MORWITZ et al., 2007; PARK e LIN, 2020).

A abordagem é quantitativa de natureza exploratório-descritiva. A amostra é probabilística e por conveniência, sendo 435 respondentes onde 422 considerados válidos, entre junho e julho de 2021. O método empregado baseia-se na Structural Equation Modeling e Partial Least Squares, utilizados para testar as hipóteses de causalidade entre as variáveis. As variáveis latentes foram mensuradas por 14 indicadores dentre os construtos: Qualidade Percebida, Imagem do Produto, Sustentabilidade, Segurança, Intenção de compra. Modelo adaptado dos estudos de Calvo-Porral e Lévy-Mangin e de Luu e Baker.

A percepção de qualidade baixa dos produtos reciclados reduz a intenção de compra dos consumidores, com coeficiente de caminho -0,165. Já a sustentabilidade dos produtos reciclados influencia positivamente a intenção de compra, sendo o coeficiente de caminho (0,366). Os produtos reciclados têm um impacto negativo na segurança percebida, influenciando o processo de compra de produtos reciclados no Brasil, com coeficiente de caminho (-0,259). No Brasil, a imagem que os consumidores têm a respeito dos produtos reciclados afeta positivamente a intenção de compra.

Foram confirmadas todas as hipóteses: H1: a qualidade dos produtos reciclados influencia negativamente a intenção de compra; H2: a imagem dos produtos reciclados influencia positivamente a intenção de compra; H3: a sustentabilidade dos produtos reciclados influencia positivamente a intenção de compra; H4: a percepção de segurança dos produtos reciclados influencia negativamente a intenção de compra. Associa-se a este resultado a importância sinérgica para toda cadeia do PET pós-consumo, através de programas de incentivos e ações conjuntas, necessários para efetivação do ciclo em EC.

CALVO-PORRAL, C.; LÉVY-MANGIN, J. P.; The Circular Economy Business Model: Examining Consumers’ Acceptance of Recycled Goods. Administrative Sciences, v. 10, n. 28, p. 1-13, 2020. LUU, T. T. A.; BAKER, J. R. Exploring Consumers’ Purchase Intention of rPET Bottle-Based Apparel in an Emerging Economy. Administrative Sciences, v. 7, n. 22, p. 1-12, 2021. PARK, H. J.; LIN, L. M. Exploring attitude–behavior gap in sustainable consumption: comparison of recycled and upcycled fashion products. Journal of Business Research, v. 117, p. 623-628, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.08.025.