Resumo

Título do Artigo

O aplicativo Strava sob a ótica da extensão do eu individual e agregado de ciclistas
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Palavras Chave

Self estendido
Gamificação
Esporte

Área

Marketing

Tema

Redes Sociais Mediadas, Ambientes e Dispositivos Digitais

Autores

Nome
1 - Juliana de Oliveira Becheri
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
2 - João Paulo Nascimento da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
3 - Lauriene Teixeira Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
4 - Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia

Reumo

Há tempos discutidos nas pesquisas do comportamento do consumidor, o eu estendido demonstra lacunas a serem exploradas na era digital. Tais mudanças propõem desafios para a compreensão do eu estendido e requer trabalhos empíricos capazes de responder as chamadas de pesquisa (ver Belk, 2016). Em consonância com a relação entre o eu e as novas tecnologias digitais, destaca-se as inúmeras aplicações móveis, como aquelas voltadas ao desempenho de atividades físicas, a exemplo do Strava que têm se popularizado ao redor do mundo tornando-se pertinente estudos sobre sua utilização (Couture, 2020).
Uma vez que os aplicativos móveis acompanham seus usuários dia e noite (Fritz, Sohn & Seegebarth, 2017), é válido questionar como essas aplicações se integram a identidade dos indivíduos e são capazes de ampliar a noção da extensão do eu. Neste sentido, Couture (2020) defende a necessidade de estudos que envolvam o aplicativo Strava em outros contextos além da corrida, bem como, pesquisas que investiguem o auto-rastreamento digital. Tendo em vista tais lacunas e oportunidades, o objetivo deste artigo é compreender como se dá a extensão do eu individual e agregado de ciclistas no Strava.
As dinâmicas de consumo envolvem aspectos tantos internos ao indivíduo, quanto externos a ele. Dentro das abordagens interpretativas destacam-se a construção da identidade como o eu estendido proposto por Belk (Quintão, Brito & Belk, 2017). Com o surgimento e avanço da tecnologia as possibilidades de extensão do eu se tornaram mais amplas, sendo percebidas cinco mudanças: a desmaterialização das posses, a personificação do eu, o compartilhamento, a (co)construção e a memória compartilhada (Garcia, Marchi & Jungles, 2020; Messinger et al, 2019; Belk, 2013, 2016).
Este estudo se caracteriza como qualitativo, em que foi empregada a técnica de entrevistas semiestruturadas para a coleta de dados. O roteiro de entrevista foi constituído por 20 questões, o qual passou por pré-testes. Foram realizadas 14 entrevistas entre os meses de junho e julho de 2021 com ciclistas amadores, as quais se sucederam de forma online e síncrona através dos aplicativos Google Meet (13) e WhatsApp (1). Todas as entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas em arquivo do MS Word, os quais foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo em sua vertente temática.
A partir das análises observou-se que o aplicativo Strava é importante para a prática esportiva dos ciclistas, pois proporciona a gravação da ‘pedalada’, corroborando a importância do (auto)monitoramento na era digital. O Strava também é utilizado como um meio de mostrar as realizações no esporte, ora como uma forma de comprovar a realização da atividade perante o grupo, ora para colecionar históricos de rota e/ou desempenho. A gamificação aguça a competição entre os membros do grupo, sendo capaz de proporcionar a motivação necessária para superação do desempenho no esporte.
Constatou-se que o aplicativo faz parte do eu estendido individual e agregado de ciclistas, uma vez que há forte ligação entre os ciclistas amadores e o aplicativo, seja pela a valorização dos dados - (auto)monitoramento, pela construção de diários agregados, pela participação na comunidade ou recursos de gamificação. Essa extensão do eu dentro do Strava, pode ser corroborada por meio dos relatos que enfatizam o sentimento de frustração quando não se é possível marcar ou compartilhar os dados de treino. Assim, mesmo que o aplicativo e os dados sejam imateriais, a relação de posse está presente
Belk, R. W. (2016). Extended self and the digital world. Current Opinion in Psychology, 10, 50-54. Belk, R. W. (2013). Extended self in a digital world. Journal of consumer research, 40(3), 477-500. Couture, J. (2020). Reflections from the “Strava-sphere”: Kudos, community, and self-surveillance on a social network for athletes. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, 1–17. Garcia, S. F. A., Marchi, G. de M., & Jungles, B. F. (2020). Extensão do self no ambiente virtual: proposta de estrutura conceitual. Revista Brasileira de Marketing, 19(2), 309-333.