Resumo

Os consumidores têm adquirido consciência sobre o impacto e força do seu consumo, no sentido de expressar por meio de suas escolhas, preocupações ambientais, sociais e éticas, que vão além da comercialização. O uso do poder de compra no mercado como uma forma de reivindicar modificações é denominado de consumo político. A Internet tem contribuído com este tipo de consumo, visto a disponibilização de informações e pela capacidade de organizar grupos em torno de uma causa. Uma vez, percebido o poder do consumidor em promover mudanças, pesquisadores são levados a compreender o fenômeno.

Considerando a evolução das discussões sobre consumo político, as suas diversas manifestações, bem como a facilidade dos consumidores de obterem informações e de se organizarem para promover mudanças político/sociais, propõe-se responder as seguintes questões: Quais são os antecedentes do consumo político? Quais são os fatores de influências pessoais e motivos pela adoção deste tipo de consumo? Como agem os consumidores políticos? Assim, o objetivo da pesquisa é explorar o consumo político baseando-se nestas questões e, posteriormente, propor um framework de análise crítica sobre a temática.

As ações dentro do consumo político têm objetivo coletivo, mas são desempenhadas individualmente (Stole, Hooghe & Michelleti, 2005). O consumo político é uma escolha de estilo de vida, porém, é caracterizado por ações a favor do interesse público, as quais estão sujeitas a comentários, compartilhamento e influência social por meio de redes sociais (Zúñiga, Copeland e Biember, 2013). O consumo político, portanto, possui uma capacidade de influenciar as práticas de mercado e, também, sinaliza indiretamente áreas em que é preciso intervenção e regulação governamental (Copeland & Boulianne, 2020).

A revisão integrativa mostra que há uma série de outros atores além dos consumidores individuais que desempenham funções capazes de contribuir para o estabelecimento do consumo político, sendo percebida ainda, uma transformação macrossocial, envolvendo aspectos culturais. Verificou-se também, que a maior parte dos artigos inclusos nessa revisão se concentraram em retratar as influências pessoais e motivos que levam os consumidores a optarem pelo consumo político. Ao final, se propôs um framework retratando o consumo político em fases, de acordo com as ações promovidas pelos atores envolvidos.

Com relação aos antecedentes do consumo político verificou-se que os vínculos com grupos sociais organizados e campanhas são marcos que costumam anteceder o consumo político, devido ao seu poder de mobilização. As influências pessoais e motivações para o consumo político encontra suas bases em fatores sociodemográficos, tendo em vista renda, escolaridade, gênero e ideologia política. A forma de agir dos consumidores políticos encontra-se relacionada principalmente ao boicote, ‘buycott e ‘dualcott’. Os resultados mostram o consumismo político discursivo como o precursor do boicote e ‘buycott’.

Copeland, L. & Boulianne, S. (2020). Political consumerism: a meta-analysis. International Politic Science Review, 1-16 Johnson, O., Hall-Phillips, A., Chung, T. L. & Cho, H. (2019). Are You Connected Through Consumption? The Role of Hashtags in Political Consumption. Social Media+ Society, 5(4), 2056305119883427 Micheletti, M. & Stolle, D. (2008). Fashioning social justice through political consumerism, capitalism, and the internet. Cultural studies, 22(5), 749-769 Portilho, F. (2020). Ativismo alimentar e consumo político - Duas gerações de ativismo alimentar no Brasil. Redes. 25(2), 411-432