Gestão de Projetos
Inovação
Indústria automobilística
Área
Gestão da Inovação
Tema
Organização, Processos e Projetos de Inovação
Autores
Nome
1 - Daniel Rodrigues UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA (UNAMA) - Lauro de Freitas
2 - Graciella Martignago UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) - Ex-aluno
3 - Solange Maria da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) - CIT/CTS
Reumo
Apesar da relevância do tema para a competitividade das organizações, a gestão de projetos inovadores ainda carece de estudos. Geralmente, gestão de projetos e inovação são temas tratados separadamente e a integração desses dois campos é aclamada pela literatura e, sobretudo, pela perspectiva dos gestores, “que lidam com as duas práticas, de forma interconectada, muitas vezes, sobrepostas, como partes do mesmo processo” (Shenhar et al., 2020, p. 114).
Com o intuito de contribuir com a temática gestão de projetos inovadores, esta pesquisa tem como objetivo descrever como ocorreu o desenvolvimento e a gestão de um projeto inovador na indústria automotiva, na subsidiária brasileira de uma multinacional francesa. Ressalta-se que a indústria automotiva tem grande relevância mundial e sua movimentação financeira a colocaria entre uma das dez maiores economias do planeta, se estivesse concentrada em uma única área geográfica. Em média, essa indústria consome 50% da borracha produzida no globo, 25% do vidro e 15% do aço.
Ao estudarem inovações geradas a partir da gestão de projetos, Shenhar e Dvir (2007) propuseram um framework analítico denominado “Diamante do Projeto”. Baseados no axioma contingencial de “one size does not fit all” de Shenhar (2001), criaram uma estrutura quadridimensional para classificação de projetos em quadro dimensões: novidade, tecnologia, complexidade e ritmo. Esse diamante auxilia com diretrizes de planejamento e execução para que se oriente o gerenciamento de projetos. Shenhar et al. (2020) mostram que a gestão da inovação e a gestão de projetos precisam ser consideradas em conjunto
O método de pesquisa utilizado foi a pesquisa-ação, de natureza qualitativa (Prodanov & Freitas, 2013).Enquanto procedimentos da pesquisa, seguiram-se as quatro fases propostas por Susman e Evered (1978) e Thiollent (1997): exploratória, pesquisa aprofundada, ação e avaliação. Na fase exploratória, fez-se o diagnóstico da situação-problema. Na pesquisa aprofundada, entendeu-se as especificidades para implementação do projeto. Na terceira fase da pesquisa foi dada a ação. Nesta fase, o time funcional trabalhou na implementação do escopo definido, visando os objetivos do projeto.
O estudo descreveu o problema, contexto e fatos importantes para a tomada de decisão. Sob o ponto de vista de inovação, pode-se verificar os quatro tipos de capacidade de inovação: i) a capacidade de inovação de desenvolvimento; ii) a capacidade de inovação de operação; iii) a capacidade de inovação de gestão. Quanto ao modelo de análise de projetos (Shennar et al 2020), do eixo novidade, o projeto desenvolveu inovação de derivação; no eixo tecnologia, foi média tecnologia. No eixo complexidade, desenvolveu-se um sistema e no eixo ritmo, o projeto foi de esforços rápidos.
Nesta pesquisa, pode-se identificar como um processo de mudança planejada, executado por meio de gestão de projetos, gerou valores tangíveis e mensuráveis, como a redução dos custos operacionais, e valores intangíveis, como a transferência tecnológica e benefícios gerados para o cliente final, no caso, a montadora de Pernambuco. Apesar do framework analítico de Shenhar et al (2020) ter se mostrado eficaz para descrição das características principais do projeto inovador, limitações do modelo foram identificadas e descritas.
Shenhar, A. J., & Dvir, D. (2007). Reinventing project management: the diamond approach to successful growth and innovation. Cambridge, MA, USA: Harvard Business School Press.
Shenhar, A., Holzmann, V., Dvir, D., Shabtai, M., Zonnenshain, A., & Orhof, O. (2020). If you need innovation success, make sure you’ve got the right project. IEEE Engineering Management Review, 48(1), 113-126. doi: 10.1109/emr.2020.2974698.
Thiollent, M. (2011). Metodologia da pesquisa-ação (18ª edição). São Paulo: Cortez.