Resumo

Embora as startups sejam um modelo de negócio que se destacam cada vez mais no mercado, a literatura de contabilidade gerencial acerca da gestão de desempenho das startups, principalmente em relação aos estágios de ciclo de vida por elas vividos ainda é escassa. Preenchendo essa lacuna, foi realizado um estudo de caso múltiplo, no qual foram colhidos depoimentos de membros de alta gestão de startups sobre a percepção deles acerca da gestão do desempenho da startup ao longo dos estágios vividos.

Este estudo discute a seguinte questão de pesquisa: de que forma a gestão de desempenho (em particular as perspectivas e indicadores de desempenho) se manifestam a partir do olhar do ciclo de vida da startup? Nesse sentido, como objetivos específicos, pretende-se discutir as dimensões de desempenho que são enfatizadas nos diferentes estágios de crescimento de startups, considerando o foco nas dimensões de desempenho (financeira e não financeira), o seu tratamento e o balanceamento dados pelas startups.

A gestão do desempenho abrange perspectivas de desempenho, as quais são divididas por Miranda et al. (2016) em perspectivas financeiras e não financeiras. Segundo Davila, Foster & Li (2009), essa gestão, manifestada pela presença de controles gerenciais não é tão relevante no início da vida da startup, mas se manifesta ao passo do avanço da startup nos estágios. Considerando uma abordagem do Ciclo de Vida Organizacional, a Associação Brasileira das Startups (2017) propõe 4 estágios de ciclo de vida: ideação, operação, tração e scaleup.

Dentro do escopo de um estudo de caso múltiplo qualitativo, 11 fundadores e/ou executivos participaram de entrevistas individuais. Cada membro representou uma startup, sendo destas, quatro classificadas na ideação, duas em operação, duas em tração e três em scaleup. As entrevistas abordaram a visão dos gestores acerca das perspectivas de desempenho adotadas ao longo do ciclo de vida da startup. Uma vez colhidas as entrevistas, elas foram submetidas a uma análise de discurso comparativa entre cada estágio do ciclo de vida.

Observou-se que, além de uma consonância dos elementos caracterizadores dos estágios do ciclo de vida propostos pela ABStartups (2017) com a realidade das startups entrevistadas, a manifestação da gestão do desempenho em estágios iniciais se dá pela visão do sucesso nas validações do modelo de negócio e da proposta de valor oferecida ao cliente, sob uma visão logicamente não financeira. Entretanto, ao passo que a startup vai evoluindo, ela recebe novos

O estudo concluiu, embora limitado pelo uso de um único molde dos estágios de ciclo de vida e pela reduzida amostra de 11 entrevistados que, ferramentas como o BSC não foram criadas para empresas pequenas como startups, mas dessas ferramentas se abstraem perspectivas mais gerais: a financeira e a não financeira, as quais ambas contribuem para a manifestação do desempenho de startups.

ANTUNES, L. G. R., VASCONCELOS, F. F., DE OLIVEIRA, C. M., & CORRÊA, H. L. (2021). Dynamic framework of performance assessment for startups. International Journal of Productivity and Performance Management. COUTO, M. H. G. Análise do ciclo de vida das startups: características, agentes e riscos associados (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo, 2019). DAVILA, A., & FOSTER, G. (2005). Management accounting systems adoption decisions: evidence and performance implications from early‐stage/startup companies. The Accounting Review, 80(4), 1039-1068