Resumo

As organizações públicas têm sido provocadas constantemente, por diversos atores, a repensarem a sua atuação, adaptarem-se a novos modelos de gestão e a inovarem para melhorar o seu desempenho na condução de políticas públicas e na entrega de serviços de qualidade. Do mesmo modo, os servidores públicos estão sendo mais pressionados pela sociedade em geral para atingir melhor desempenho no trabalho e gerar maior valor público, compatível com o volume dos recursos destinados ao seu custeio e ao seu desenvolvimento profissional.

Diante desse contexto, o objetivo geral deste estudo é estabelecer a relação entre a percepção da cultura organizacional intraempreendedora e as competências empreendedoras individuais a partir de uma instituição federal de ensino brasileira. Ou seja, verificar se funcionários dessa organização que compreendem a cultura organizacional como intraempreendedora exercem mais ativamente as suas competências empreendedoras.

A cultura intraempreendedora é um tema de estudo ainda em estabelecimento, demandando uma melhor delimitação conceitual. Efetuada essa ressalva, Pinchot III e Pellman (2004) a definiram como a existência de um clima propício à inovação dentro de uma organização. A competência empreendedora pode ser entendida como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes dos indivíduos, que são mobilizados para viabilizar a realização de ações inovadoras e entregas mais eficientes nas organizações, criando valor para a sociedade (FEUERSCHÜTTE, ALPERSTEDT e GODOI, 2012; ZAMPIER e TAKAHASHI, 2011).

O presente estudo tem como base a seleção e o exame das relações entre variáveis que avaliam a cultura intraempreendedora organizacional e a competência empreendedora individual, demandando abordagem quantitativa nos procedimentos de coleta e análise de dados quantificáveis e na apresentação dos seus resultados. A pesquisa é exploratória, analítica e descritiva, uma vez que se pretende fornecer uma descrição de dados relativos às variáveis em estudo, e as relações entre elas, com base nas percepções, características e comportamentos de uma determinada população.

Como resultado, identificou-se que se a instituição não apresenta uma cultura distintamente intraempreendedora, não é possível identificá-la como avessa ao empreendedorismo. A média e mediana das observações em relação ao comportamento empreendedor, por sua vez, indicam que várias dimensões relacionadas a esse tipo de comportamento são observáveis e que vários profissionais se identificam como comportamentalmente empreendedores na instituição. No entanto, não foi possível identificar, a partir do estudo, relação entre os dois aspectos estudados.

Especificidades na forma de pensar das pessoas com características mais empreendedoras e dos servidores públicos são avaliadas como fator explicativo da inesperada falta de relação identificada.

EMMENDOERFER, M. L. Inovação e empreendedorismo no setor público. Brasília: ENAP, 2019. ETZKOWITZ, H.; ZHOU, C. Hélice Tríplice: inovação e empreendedorismo universidade-indústria-governo. Estudos Avançados, [S. l.], v. 31, n. 90, p. 23-48, 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/137883. Acesso em: 21 mar. 2021. FERRAS, R. P. R. et al. Empreendedorismo Corporativo em Organizações Públicas: um estudo em uma universidade pública. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas | v.7 | n.2 | p. 31-66 | Mai/Ago. 2018.