Resumo

Fazer a gestão do relacionamento entre organizações pode ser desafiador, principalmente quando se trata de organizações de setores distintos, com lógicas institucionais diferentes, como em muitas alianças sociais. Dessa forma, é preciso que habilidades para coordenar essa aliança sejam desenvolvidas. Essas habilidades organizacionais necessárias para que relacionamentos sejam satisfatórios para todos os envolvidos são chamadas de capacidades relacionais (CR). Mas pouco se sabe ainda acerca das conexões ou impactos que cada componente pode ter no outro.

O objetivo do presente estudo foi diferenciar as conexões entre os componentes das dimensões das capacidades relacionais em alianças sociais entre OSC e empresas e OSC e instituições públicas.

As alianças sociais são um tipo de alianças estratégica, mas que têm como principal objetivo o impacto social positivo. Para que essas relações sejam eficientes e eficazes é necessário que as organizações desenvolvam CR. Buscando sintetizar e organizar melhor quais são essas capacidades, Alves (2015) criou um modelo que é dividido em cinco dimensões (de coordenação, cultural, de conhecimento, tecnológica e de coadaptação). Cada uma dessas dimensões possui 3 ou 4 componentes, totalizando 17.

Quatro estudos de caso seguindo o descrito por Yin (2018) foram realizados, dois com cada tipo de aliança social. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com os gestores com a maior proximidade com o desenvolvimento e gestão da aliança social estudada, além de documentos como sites das organizações, as propostas de parceria, os relatórios que abordam resultados obtidos com os projetos e matérias (de jornal e sites eletrônicos). Para análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin (2016) com o auxílio do software Atlas ti.

Foi verificado que a confiança é gerada a partir das experiências de trabalhar em parceria (experiências anteriores). Além disso, é quando se trabalha conjuntamente que se gera novos conhecimentos para as organizações e esses novos saberes (obtenção de conhecimento) são considerados as principais recompensas de participar de uma aliança social. Além disso, sugere-se que um componente que aborde o estilo de liderança deve ser incluindo no modelo, possivelmente na dimensão de coordenação, pela sua relevância e impacto nos atuais componentes das dimensões do modelo.

Entre as limitações da pesquisa podemos citar o fato do caso 4 ter o caráter emergencial e o caso 3 possui várias semelhanças com os casos 1 e 2, mesmo envolvendo setores diferentes. Assim, pode-se questionar se essas similaridades entre as conexões dos componentes são devidos aos setores das organizações parceiras ou de características da OSC, como a sua profissionalização e como ela lida com as suas parceiras. Estudos futuros podem continuar a busca por esse entendimento, para além da replicação do atual estudo com outras amostras, focando em aspectos da OSC e não diferenças setoriais.

Alves, F.S.; CAPACIDADES RELACIONAIS EM COOPERAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS COM E SEM FINS LUCRATIVOS. 2015. 276 p. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Administração. Defesa : Curitiba, 30/04/2015. Disponível em: . Acesso em: 29 nov. 2019. Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo. In São Paulo: Edições 70. Yin, R. K. (2018). Case study research and applications: design and methods. In Case Study Research and Applications: Design and Methods (6a). SAGE Publications, Inc.