Resumo

Os consumidores com deficiência enfrentam diversas barreiras ao acesso e participação nos ambientes físicos e sociais, as mesmas, dentre elas, são percebidas, as físicas, sociais e culturais (Sassaki, 2005). Tais barreiras não somente põem à prova suas interações, mas podem levar os indivíduos ao estado de vulnerabilidade, uma relação de desequilíbrio e descontrole do consumidor diante do mercado e seus processos (Baker et al. 2005; Silva et al. 2021). Diante disso, pesquisadores em marketing têm vocacionado seus estudos ao consumidor com deficiência em diversos contextos de consumo.

Como existem diversas barreiras ao acesso e participação da pessoa com deficiência em ambientes sociais e físicos, o mesmo ocorre no contexto de consumo. Neste sentido, surge o questionamento para o presente estudo: como os consumidores com deficiência percebem suas experiências e impressões sobre os ambientes de varejo os quais frequentam? Portanto, o objetivo do estudo centrou-se em compreender as experiências e impressões dos consumidores com deficiência em ambientes de varejo das capitais de João Pessoa/PB e Teresina/PI.

O estudo tomou como base a literatura sobre vulnerabilidade do consumidor, utilizando-se em suma do conceito de vulnerabilidade como um estado de desequilíbrio e descontrole do consumidor diante do que o mercado e seus processos lhe proporciona (Baker et al. 2005; Hill & Sharma, 2020). Ademais, um dos grupos percebidos como vulneráveis é o consumidor com deficiência, diante disso, o estudo se utilizou de conceitos como Acessibilidade e construções teóricas da deficiência (Sassaki, 2005; Mano, 2014).

Foi feito um estudo de caráter utilizando-se de entrevistas com roteiro semiestruturado. O corpus da pesquisa compreendeu a pessoas com deficiência com o hábito de frequentar ambientes de varejo nas capitais João Pessoa/PB e Teresina/PI. Portanto, foram feitas quinze entrevistas, as mesmas foram transcritas e codificadas e grifadas, posteriormente foram analisadas através da Análise de Conteúdo.

As análises dos dados foram baseadas na literatura: aspectos gerais do consumo, que corresponde aos hábitos gerais de consumo e as dimensões, estrutural, sociocultural e pessoal. Foi evidenciado que o consumidor com deficiência (I) leva em conta fatores gerais em suas decisões de ambientes para consumir, como o preço, mas a acessibilidade é o ponto principal, (II) os ambientes de varejo são mais acessíveis em ambientes de maior poder aquisitivo, (III) são visíveis diversas barreiras socioculturais (IV), os entrevistados se percebem como vulneráveis, mas buscam contornar tal problemática.

A pesquisa vem a somar nos estudos sobre como consumidores com deficiência física e visual, interagem e vivenciam os ambientes de varejo, contribuindo assim à teoria por meio dos dados empíricos obtidos sobre o contexto de forma específica. Além disso, contribui na temática dos estudos voltados à resiliência do consumidor e suas formas de lidar com as barreiras que lhes são impostas. Outro ponto importante, é que através deste estudo emergem insights úteis e necessários sobre como o mercado pode melhorar e mitigar a vulnerabilidade do consumidor com deficiência.

Sassaki, R. (2005) Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 6ed. Rio de Janeiro. WVA. Baker, S. M., Gentry, J. W., & Rittenburg, T. L. (2005). Building Understanding of the Domain of Consumer Vulnerability. Journal of Macromarketing, 25(2). Silva, R., Barros, D., Gouveia, T., & Merabet, D. (2021). Uma discussão necessária sobre a vulnerabilidade do consumidor: Avanços, lacunas e novas perspectivas. Cadernos EBAPE.BR, 19(1) Hill, R., & Sharma, E. (2020). Consumer Vulnerability. Journal of Consumer Psychology.