Resumo

Título do Artigo

Paradigmas da Administração Pública nas Forças Armadas: Evidência Portuguesa
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Palavras Chave

Administração Pública
Paradigmas de Gestão Pública
Forças Armadas

Área

Administração Pública

Tema

Gestão Organizacional: Governança, Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades

Autores

Nome
1 - Ana Mafalda Martins Castanho
ISEG - Instituto Superior da Economia e Gestão - Programa de Doutoramento em Gestão
2 - Tiago Cruz Gonçalves
Instituto Superior de Economia e Gestão - Universidade de Lisboa - ADVANCE / CSG

Reumo

A Administração Pública (AP) tem evoluído em diferentes paradigmas de gestão que visam a modernização das organizações. As organizações militares assumem uma estrutura hierárquica rígida e têm valores militares intrínsecos que as diferenciam da restante função pública. Neste estudo analisamos os principais paradigmas da AP no âmbito das Forças Armadas portuguesas. As perceções dos trabalhadores dos diferentes níveis de gestão são distintas, assim a análise é realizada a três níveis de gestão em simultâneo, ou seja, aos gestores de topo, aos gestores intermédios e aos operacionais.
O panorama atual da pandemia COVID-19 desencadeou novos desafios às Forças Armadas, no entanto, os recursos disponíveis não acompanham esta tendência. Uma administração eficiente é crucial para o cumprimento da missão. Para identificar as práticas de gestão aplicadas, este artigo realiza um diagnóstico da implementação dos paradigmas da AP nas Forças Armadas. Assim, são colocadas as seguintes questões de investigação: quais são os paradigmas da AP implementados nas Forças Armadas portuguesas? qual a perceção dos paradigmas implementados nos diferentes níveis de gestão?
A matriz desenvolvida no estudo de Iacovino et al. (2017) especifica dez dimensões que diferenciam os paradigmas Old Public Administration, New Public Management e Public Governance. Este estudo baseia-se em Iacovino et al. (2017) e verifica a gestão híbrida nas Forças Armadas. A segunda verificação é baseada em Iacovino et al. (2017) e em Brewer e Walker (2008). Esta é baseada na analisa de diferentes perceções sobre os paradigmas de gestão executados em função dos níveis de gestão, uma vez que os diferentes níveis de autoridade originam diferentes interpretações sobre a organização.
Obtivemos os dados com um questionário às Forças Armadas portuguesas, através de correio institucional, com base nas dimensões dos paradigmas da AP em Iacovino et al. (2017), adaptadas através de pré-teste a militares de diferentes níveis de gestão. As dimensões desenvolvidas foram: Relações Externas, Responsabilização, Orientação dos Sistemas de Planeamento e Controlo (OSPC), Lógica Principal, Relações Internas, Dimensões Relevantes e Tomada de decisão. A consistência interna do questionário (27 itens) apresenta um Alpha de Cronbach de 0,861, que permite garantir a sua validade interna.
A estrutura hierárquica está desalinhada face ao modelo de gestão em uso, contribuindo para a gestão híbrida e complexa. As mudanças nas práticas de gestão originadas nos gestores de topo ou politicamente não estão bem implementadas. A utilização simultânea dos três paradigmas é mais complexa no nível hierárquico superior e esta complexidade diminui com a descida na estrutura hierárquica, o que pode ser um constrangimento para a mudança de gestão nas Forças Armadas. São necessários modelos e abordagens operacionais para a correta implementação dos modelos, para os executar de forma explícita.
As Forças Armadas apresentam uma gestão híbrida e complexa. O paradigma PG é o menos proeminente e o OPA é o predominante, demonstrando que este paradigma está enraizado nas organizações militares. É identificada a existência de diferentes perceções sobre aqueles paradigmas entre gestores de topo, intermédios e operacionais. Contudo, todos os militares percecionam a dominância da OPA na maioria das dimensões. Os níveis hierárquicos superiores percecionam mais a utilização do paradigma PG do que os níveis hierárquicos inferiores, diminuindo à medida que se desce na estrutura hierárquica.
Brewer & Walker (2010). The impact of red tape on governmental performance: An empirical analysis. Journal of Public Administration Research and Theory, 20(1), 233-257. Goldfinch & Yamamoto (2019). Citizen perceptions of public management. Australian Journal of Public Administration, 78(1), 79-94. Iacovino et al. (2017). Public organizations between old public administration, new public management and public governance. Public Organization Review, 17(1), 61-82. Norheim-Martinsen (2016). New sources of military change–armed forces as normal organizations. Defence studies, 16(3), 312-326.