Resumo

Nos últimos anos, cada vez mais um modelo de franquia tem surgido no mercado brasileiro. Assim temos as redes de microfranquias que surgem como uma opção de modelo de negócio cada vez mais escolhida pelos empreendedores brasileiros, devido ao valor financeiro de investimento relativamente baixo, caracterizado em até R$90.000,00. Neste cenário, diversos estudos têm surgido para buscar compreender melhor como se dá o relacionamento entre microfranqueados e microfranqueadores.

Apesar de alguns estudos abordarem o campo de microfranquias, ainda existe uma carência de novas pesquisas sobre o modelo. Segundo Pimentel, Lanfranchi e Melo (2019), o segmento de microfranquias é pouco estudado apesar de ser utilizado com estratégia de crescimento por muitas empresas, e de seus números serem representativos dentro de economias emergentes. O objetivo deste artigo é verificar se há relação entre o tempo de franqueamento em uma rede de microfranquia e a percepção do microfranqueado, em relação ao suporte que é prestado pelo franqueador.

Para se ajustar ao modelo de franquias, a visão baseada na teoria do ciclo de vida foi adaptada para o ciclo de vida de uma franquia. Segundo Brigl et al. (2019) os relacionamentos entre empresas começam de forma muito positiva, como um período de lua de mel, onde ambos desfrutam de sucessos iniciais. Com o passar do tempo surgem algumas frustações sobre resultados esperados. Neste sentido a percepção do franqueado em relação ao suporte fornecido pelo franqueador relativo a prospecção e instalação, treinamento e acessoria juridica e financeira pode sofrer alterações com o passar do tempo.

Foram entrevistadas 222 gestores de unidades franqueadas de marcas e setores de atuação distintos. Tendo sido envolvido os quatro estados da região sudeste, compreendendo o período entre os meses de fevereiro e outubro de 2020. Foram realizados contatos por e-mail e telefônicos. Para a survey, foi desenvolvido um questionário estruturado, de escala de 1 a 5. O constructo foi baseados nas variáveis do estudo de Melo, Borini e Cunha (2014), Melo, Cunha e Telles (2019). Ademais, ressaltamos que 3 hipóteses foram desenvolvidas, relativas ao tempo de franqueamento e percepção de valor da marca.

Os testes estatísticos aplicados foram testes iniciais de normalidade de Shapiro-Wilk e o teste de hipótese de Kruskal-Wallis, que tem por objetivo comparar grupos em relação a uma determinada variável resposta e o teste de hipótese de comparações múltiplas de Wilcoxon. Os resultados obtidos nos testes apresentaram uma baixa correlação entre eles para as 3 hipóteses, com isto podemos entender que há não há interferência entre o tempo de franqueamento e a percepção de valor do suporte pelo microfranqueado por esta amostra.

Os resultados dos testes de regressão linear aplicados nas hipóteses 1, 2 e 3 não demonstraram relação alguma com o tempo de franqueamento, já que através de análise estatística, estas hipóteses não foram suportadas. Duas limitações foram encontradas. A primeira foi o fato de não analisarmos a questão da Marca da rede, apesar de ter a certeza que a Marca é um aspecto importante dentro do pacote de benefícios que uma franquia oferece. A segunda limitação se refere a abrangência das regiões onde estão os franqueados, pois não foi possível recolher dados em todos os estados do Brasil.

ALON, I; MADANOGLU, M; SHOHAM, A. Strategic Agility Explanations for Managing Franchising Expansion During Economic Cycles. An International Business Journal, Vol. 27 No. 2, pp. 113-131, 2017. MELO, P. L de R; ANDREASSI, T; JUNIOR, M. de M. O; BORINI, F. M. Influence of the Operating Environment on Organization Innovation: A Multiple Case Study of Food Franchises in Brazil. International Journal of Management , vol. 30 No. 2 Part 1 June 2013.