Resumo

O varejo se reinventa trazendo novas perspectivas para negócio outrora marginalizados, como a venda de produtos usados, ou Second hand. Dados da Thredup(2018) apontam um crescimento significativo do setor, em especial no e-commerce. Neste sentido, torna-se válido analisar o modelo de negócio das lojas de moda second hand, observando, em particular, a questão dos canais de capitação de produtos, visto que há uma confusão entre as figuras de consumidor e fornecedor. Essa peculiaridade aponta para uma marca deste modelo de negócio, a qual se propõe a estudar, nesta pesquisa.

A problemática da pesquisa reside em: como se apresenta a relação de Consumidor- fornecedor, dentro do canal de recebimento e fornecimento de produtos, no Modelo de negócio em moda Second hand?

A moda second hand desponta no cenário internacional como uma proposta de Modelo de negócio próprio, onde há predominância da prática de varejo; da estrutura de startup; e, foco na sustentabilidade do negócio (YRJOLA et al, 2021). Configurando um desenho específico deste segmento, no caso da moda, os Modelos de negócio de Second hand possuem uma particularidade marcante em relação aos Stakeholders, que consiste na confusão de papéis, atuando ora como consumidores; ora, como fornecedores de produtos.

A regra geral esta pautada na ideia de que, ‘A’ fornece seu produto usado para ‘L’, o varejista, que através da revenda/Second hand, oferta a ‘B’, o consumidor. Então, ‘B’ pode consumir e descartar o produto de ‘A’ e, ou, usá-lo e retornar este produto ao varejista ‘L’. Só que, ao mesmo tempo, ‘B’ pode, também, repassar seu produto usado para que ‘L’, o varejista, que o redirecionará ao varejo; onde poderá ser consumidor por ‘A’. Isso instala uma situação de dinâmica diferenciada nos canais de fornecimento e revenda dos produtos.

Essa característica demonstra da essencialidade do Consumidor- Fornecedor de produtos de moda Second hand, para este Modelo de negócio, que apresenta a sua proposta de valor uma forte relação entre os canais de fornecimento e distribuição de produtos, baseado no fato de promover um ciclo contínuo de reuso de produtos, incentivando o consumo e a oferta sustentável, com a prática de reinserção de produtos no varejo, através da ação dos Stakeholders: Consumidor- Fornecedor.

YRJÖLÄ, Mika; HOKKANEN, Harri; SAARIJÄRVI, Hannu. A typology of secondhand business models. Journal of Marketing Management, ano:2021. DOI: 10.1080/0267257X.2021.1880465 OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation - Inovação em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. GUIOT, D.; ROUX, D. A second-hand shoppers’ motivation scale: Antecedents, consequences, and implications for retailers. Journal of Retailing, 86(4), (2010). pp.383–399.