Resumo

Em dezembro de 2019, foi constatado a presença do novo Coronavírus em seres humanos. Em pouco tempo, o que era uma endemia, ganhou grandes proporções e em março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que estava em curso uma pandemia denominada COVID-19. O setor turístico, por sua vez, foi um dos primeiros a sofrer interrupções em suas atividades, levando a categoria a ter quedas significativas no seu faturamento, e, por consequência no seu quadro de funcionários. À vista disso, buscou-se compreender quais foram os impactos da COVID-19 no setor hoteleiro do Brasil.

Com a pandemia da COVID-19, além da interrupção das atividades turísticas, que ocasionou quedas no faturamento dos hotéis, bem como na empregabilidade dos trabalhadores, o setor hoteleiro recebeu protocolos de segurança específicos. Nesta perspectiva, esta pesquisa tem como objetivo geral demonstrar os impactos da COVID-19 na vida dos trabalhadores do setor hoteleiro do Brasil e como objetivos específicos: identificar os índices de (des)empregabilidade e compreender as mudanças que foram impostas a estes profissionais durante a pandemia.

A Fundação Getúlio Vargas – FGV (2020) aponta que o turismo foi diretamente afetado pela crise econômica e social, provocada pela possibilidade do contágio por COVID-19. Zenker et al., (2021) afirmam que, por ser uma doença de natureza contagiosa, criou-se insegurança e medo nas pessoas, contribuindo para a redução das viagens, devido ao receio da infeção. Além da apreensão constante do contágio, o trabalhador do setor hoteleiro teve que lidar com o medo da (des)empregabilidade, uma vez que, a COVID-19 afetou economicamente o setor turístico, aumentando o número de demissões.

Esta é uma pesquisa exploratória de caráter descritivo com abordagem qualitativa. Utilizando-se de questionário estruturado como instrumento para a coleta de dados, utilizando-se de amostragem em bola de neve. Foi destinado um espaço para que os respondentes descrevessem em poucas palavras o que significou a pandemia da COVID-19. Estas respostas foram examinadas a partir da análise da nuvem de palavras, que nos possibilitou uma projeção visual dos aspectos mais relevantes do depoimento dos trabalhadores. Para esta finalidade, foi utilizado como suporte de análise o software Iramuteq.

Identificou-se que a maior parcela dos trabalhadores perdeu a seu trabalho, seguido dos que foram afastados, mas não perderam o vínculo empregatício. A partir da nuvem de palavras, constatou-se que em sua grande maioria, os impactos sentidos pelos trabalhadores foram negativos. Compreendeu-se que os principais impactos sentidos pelos hoteleiros do Brasil foram os econômicos e psicológicos, posto que, muitos trabalhadores perderam seus empregos e os que permaneceram no mercado de trabalho precisaram lidar com as novas modalidades de trabalho e a insegurança da contaminação do vírus.

A percepção geral desta investigação é que o desemprego assolou o setor da hotelaria, sendo os trabalhadores diretamente impactados por esta nova realidade econômica, pois, o setor do turismo e da hospitalidade foi o primeiro a ser encerrado e o último a retornar com as suas atividades. Foi identificado impactos negativos em termos econômicos (perda do emprego, realocação no mercado, redução salarial), sociais (mudanças no estilo de vida), psicológicos (sentimento de medo, frustação, tristeza, entre outros) e das novas relações de trabalho (acúmulo de funções).

ANTUNES, R. Coronavírus: o trabalho sob fogo cruzado. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2020. BENI, Mario Carlos. Turismo e Covid-19: Algumas Reflexões/Tourism and COVID-19: Some Reflections. Rosa dos Ventos-Turismo e Hospitalidade, v. 12, n. 3, 2020. BLAYNEY, Candace; BLOTNICKY, Karen. Leadership in the hotel industry: Evidence from Canada. International Journal of Management and Marketing Research, v. 3, n. 3, p. 53-66, 2010. CAMARGO, Brigido Vizeu; JUSTO, Ana Maria. IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em psicologia, v. 21, n. 2, p. 513-518, 2013.