Resumo

Título do Artigo

QUAL A VOZ E O TIPO DE DISCURSO QUE OS ASSISTENTES DIGITAIS PRECISAM TER PARA INFLUENCIAR MAIS?
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Palavras Chave

Inteligência artificial
Sistema de recomendação
Assistentes digitais

Área

Marketing

Tema

Experimentos

Autores

Nome
1 - JOAO VICENTE DUARTE MARTINS
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL INACIANA PE SABÓIA DE MEDEIROS (FEI) - São Paulo
2 - José Mauro da Costa Hernandez
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Reumo

As inteligências artificiais (IAs) estão cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, à medida que houve uma popularização de dispositivos equipados com assistentes digitais capazes de fazerem recomendações e conversarem, por voz, com os usuários. A interação entre humano e máquina já vem sendo estudada desde o século XX, e estudos anteriores sugerem que essa relação está sujeita a alguns fenômenos existentes na relação entre seres humanos, como, por exemplo, os estereótipos de gênero. Esse estudo vai buscar investigar a relação do gênero da IA, o discurso da IA e o gênero do usuário.
As vozes de IAs do mercado são majoritariamente femininas e com um discurso assertivo e direto (por exemplo: Alexa, Siri e Cortana). Seria, portanto, as vozes femininas mais persuasivas que as vozes masculinas? O tipo de discurso assertivo é melhor do que o discurso chamado "tentativo" (evasivo)? O trabalho vai buscar responder essas perguntas intercalando gênero da IA com discurso da IA na percepção de homens e mulheres.
É comum existirem expectativas sobre os papéis desempenhados por pessoa de cada grupo na sociedade, dependendo da posição social que ocupa em diferentes situações. A teoria dos papéis sociais faz analogia com o teatro, onde existem atores e um roteiro a ser seguido. Por exemplo, mulheres são retratadas como figuras mais "comunitárias" e homens, mais "agentes". Por conta disso, tanto o comportamento entre gêneros quanto o estereótipo são diferentes entre homens e mulheres. Os computadores, por sua vez, são vistos como atores sociais também.
Foi conduzida uma pesquisa por um experimento fatorial 2 (linguagem: assertiva vs. tentativa) x 2 (voz da inteligência artificial: feminina vs. masculina) x 2 (gênero dos participantes: masculino vs. feminino), aleatorizados pela ferramenta online chamada Qualtrics e distribuído pela ferramenta MTurk para 320 pessoas dos EUA, por $0,60. Os participantes foram induzidos a acreditarem que uma IA estava traçando seu perfil de investimento e ao fim, a IA sugeria, por voz, uma carteira de investimentos para o participante. Após isso, o participante avaliou a IA que ouviu.
Uma MANOVA indicou uma interação tripla entre gênero do usuário, gênero da IA e tipo de discurso da IA para a variável dependente intenção de investir (F(1, 304) = 5,33; p = 0,022, η_p^2 = 0,017) e para credibilidade (F(1, 304) = 3,25; p = 0,072, η_p^2 = 0,011) mas não para empatia (F(1, 304) = 1,703; p = 0,193, η_p^2 = 0,006). Também houve uma interação dupla entre gênero do usuário e gênero da IA para credibilidade (F(1,304) = 4,91; p = 0,027, η_p^2 = 0,008) e intenção de investir (F(1,304) = 4,56; p = 0,033, η_p^2 = 0,001). O gênero feminino parece ser ponto chave nas avaliações.
O gênero feminino, tanto da IA quanto da pessoa que está interagindo, parece ser ponto-chave nas avaliações negativas que ainda hoje ocorre contra às mulheres e contra o discurso tentativo. Isso parece se estender para além das relações humanas, chegando também em IAs, em linha com a teoria de computadores como atores sociais. O discurso tentativo esteve pior nas avaliações em quase todos os cenários em comparação ao discurso assertivo. O agravante se dá quando o discurso tentativo é combinado ao gênero feminino de IA, que sempre fica mais mal avaliada em relação ao tentativo masculino.
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